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Saúde do corpo pode estar na boca APARENTEMENTE INOFENSIVA E SILENCIOSA, A DOENÇA PERIODONTAL severa (DP) já atinge cerca de 20% da população brasileira com mais de 40 anos. Considerada uma doença inflamatória crônica de etiologia microbiana, a DP pode agravar quadros de diversas patologias, como às doenças coronarianas e diabetes. Estudos realizados recentemente pelo Núcleo de Pesquisa em Periodontia Médica da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), em parceria com o Instituto Karolinska (Suécia), demonstraram que as substâncias pró-inflamatórias produzidas na DP podem invadir a corrente sanguínea e alterar o comportamento das células inflamatórias periféricas, como os neutrófilos, potencializando reações inflamatórias em diferentes áreas do corpo, prejudicando a saúde geral do paciente. Cardiologistas devem estar atentos à relação entre DP e infarto agudo do miocárdio, pois as bactérias e toxinas existentes na boca de portadores de DP podem contaminar e desestabilizar a placa aterosclerótica, aumentando o risco de trombose e/ou isquemia. Estudo realizado no Instituto Nacional de Cardiologia das Laranjeiras, no Rio de janeiro, comprovou que houve maior prevalência de periodontite severa em pacientes hipertensos. O tratamento periodontal diminuiu os níveis da proteína C-reativa, o que pode reduzir o risco cardiovascular global desses pacientes. Nefrologistas também devem ficar atentos, pois pesquisas recentes indicaram que doentes renais crônicos com periodontite tinham níveis mais elevados de Proteína C-reativa. Isso pode representar um risco adicional para piora do quadro renal. Evidências científicas mostraram que mediadores inflamatórios que ocorrem em doenças periodontais, também possuem importante participação no trabalho de parto. No Hospital Carmela Dutra, no Rio de Janeiro, um estudo com 150 mães verificou que grávidas com periodontite tinham um fator de risco adicional para o nascimento de crianças prematuras e de baixo-peso, o resultado foi semelhante ao índice de risco de infecção genito-urinária, uma das principais preocupações dos obstetras como fator de risco para prematuridade e baixo-peso. Os estudos demonstram que a periodontite é uma importante doença crônico-inflamatória que pode interferir nocivamente em outras doenças crônicas. Por Carlos Marcelo Figueredo Coordenador do Núcleo de Pesquisa em Periodontia Médica da UERJ Pós-doutor em Periodontia - Instituto Karolinska, Estocolmo, Suécia PhD em Periodontia e Química Clínica pelo Instituto Karolinska, Estocolmo, Suécia Mestre em Periodontia - UERJ Professor Adjunto de Periodontia - UERJ Coordenador do curso de especialização em Periodontia da PUC-RJ | |
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