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Dr. Paulo Caramelli - CRM-SP 59.289 e CRM-MG 40.220
Neurologia e Saúde
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Dor de cabeça

Mais de 90% das pessoas têm pelo menos algum tipo de dor de cabeça ao longo da vida, sendo que quase 50% têm pelo menos um episódio de dor de cabeça muito intensa.

Dor de cabeça ou cefaléia, como é chamada no jargão médico, é uma das queixas mais comuns nos ambulatórios e consultórios médicos. Na maior parte dos casos trata-se de uma condição benigna e ocasional. No entanto, há casos em que as dores de cabeça são muito intensas e recorrentes, causando significativo impacto psicológico, social ou sobre a atividade profissional, ou ainda situações em que a cefaléia é um sintoma de algum problema médico mais grave.

Existem dezenas de tipos de dor de cabeça, alguns bem conhecidos pela população geral, embora outros não. De modo geral, as cefaléias podem ser divididas em dois grandes grupos, as cefaléias primárias e as cefaléias secundárias. As cefaléias primárias são assim chamadas por não estarem associadas a lesões específicas do cérebro ou de estruturas adjacentes, enquanto o segundo grupo inclui formas de dor de cabeça secundárias a algum tipo de dano estrutural. No primeiro grupo estão as causas mais comuns de dor de cabeça, como a cefaléia tensional e a migrânea ou enxaqueca.

A cefaléia tensional é o tipo mais frequente de dor de cabeça. Sua duração pode variar de 30 minutos até sete dias. Há uma sensação de pressão ou “aperto” que geralmente acomete toda a cabeça (dos dois lados), mas que pode afetar mais a testa ou a nuca, chegando por vezes a atingir a região posterior do pescoço ou os ombros. A intensidade da dor é de leve a moderada e vai se acentuando ao longo do dia. Não causa vômitos, mas náuseas podem eventualmente ocorrer. Muitas pessoas relatam associação da dor de cabeça com tensão emocional ou estresse.

A migrânea ou enxaqueca é outro tipo bastante comum de cefaléia primária. As características fundamentais da migrânea são: dor de cabeça geralmente unilateral (embora possa acometer os dois lados da cabeça), de tipo latejante ou pulsátil, com intensidade moderada a forte e duração de quatro até 72 horas. Além disso, no período de dor deve estar presente pelo menos um dos seguintes sintomas: náuseas, vômitos, intolerância à luz (fotofobia) ou ao som (fonofobia). A dor de cabeça piora com atividade física, o que não ocorre na cefaléia tensional. Alimentos ou odores específicos podem desencadear crises de migrânea.

Algumas pessoas com migrânea podem ter sintomas que precedem o início da dor de cabeça, com duração de cinco minutos até uma hora, e que são chamados de aura. Alterações visuais (manchas, linhas, luzes ou mesmo perda visual), formigamento de alguma parte do corpo e dificuldade para falar são alguns dos tipos de aura.

O diagnóstico da cefaléia tensional, da migrânea e das demais cefaléias primárias depende fundamentalmente de uma boa avaliação médica, especialmente de uma história clínica detalhada. Exames de tomografia computadorizada ou de ressonância magnética não definem estes diagnósticos, servindo apenas para descartar outras causas de dor de cabeça, sobretudo as cefaléias secundárias.

Vale ressaltar alguns sintomas ou aspectos sugestivos de cefaléia secundária e que exigem a realização de exames complementares:

- Dor de cabeça de início muito agudo (“explosivo”)
- Febre
- Rigidez de nuca
- História de traumatismo de crânio recente
- Piora da dor de cabeça ao deitar
- Não melhora com analgésicos comuns
- Déficit neurológico associado (por exemplo, fraqueza em um lado do corpo, dificuldade para falar)

O tratamento das cefaléias varia conforme a causa, incluindo medicamentos (tanto para as crises quanto para prevenção), intervenções não medicamentosas e orientações a respeito de hábitos de vida. O uso indiscriminado e abusivo de medicamentos, especialmente de analgésicos, é muito comum e pode piorar a dor de cabeça, sobretudo a migrânea. É fundamental que uma pessoa com cefaléia recorrente busque atendimento médico, idealmente com um neurologista clínico, para que receba o diagnóstico correto e o tratamento adequado.


Dr. Paulo Caramelli - Neurologista - CRM-SP 59.289 e CRM-MG 40.220








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