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Dr. Antonio Otero Gil - CRM 60029
Urologia e Saúde
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Infecção do trato urinário

A infecção do trato urinário (ITU) é a infecção bacteriana mais comum no ser humano. É a segunda infecção mais freqüente, só sendo ultrapassado pela gripe que é de origem viral. Pode acometer todo o sistema urinário (rins, ureteres, bexiga e uretra), porém mostra-se mais comum no chamado trato urinário baixo onde o limite é a bexiga.

As infecções urinárias são responsáveis por mais de sete milhões de consultas por ano nos Estados Unidos e cerca de cem mil hospitalizações. Embora essa doença seja de fácil diagnóstico e tratamento, alguns fatores como idade, sexo, comorbidades (hipertensão arterial, diabetes mellitus, problemas renais, neuropatias, hiperplasia prostática entre outras), presença de cateteres urinários e até gravidez devem ser levados em consideração. O conceito antigo que a ITU faz parte do “rol” de doenças corriqueiras do ser humano caiu por terra: a ocorrência do primeiro episódio deve promover investigação por parte do urologista.

Dois conceitos devem ficar claros para o paciente: o trato urinário é estéril, porém a presença do agente bacteriano no trato urinário sem ataque ao organismo não constitui infecção; é chamado de bacteriúria assintomática, fato bastante presente em pacientes que usam cateteres e sondas. Neste caso não há sintomas e só devem ser tratados os pacientes portadores de diabetes, insuficiência renal crônica e as gestantes. Infecção denota invasão dos tecidos pelas bactérias e pode ser dividido ainda em dois grupos: infecções não-complicadas onde não há acometimento renal ou formação de abscessos; e as complicadas, onde há acometimento dos rins, febre alta, piora importante do estado geral e até formação de coleções infecciosas.

As ITUs ocorrem em todas as faixas etárias e em ambos os sexos. É, porém, mais freqüentes em mulheres já que até 20% delas apresentarão algum episódio em suas vidas. Em crianças, 0,3 a 1,2% delas desenvolverão ITU nos primeiros anos de vida.

Como vemos, o tema não é tão simples quanto parece.

Os germes causadores das ITUs são na maioria das vezes bactérias aeróbias, aquelas que necessitam de oxigênio para sobreviverem, apesar que as anaeróbias também podem estar presentes. Em 85 a 95% o agente envolvido é a Escherichia coli, geralmente encontrada nos intestinos e fezes. A E.coli tem facilidade de adesão à parede da bexiga e uretra, fato que a torna capaz de promover infecções sucessivas. Há ainda aquelas bactérias capazes de produzir a enzima urease, o que torna possível a produção de cálculos urinários pela ação desses germes (entre eles se destacam o Proteus mirabillis, a Klebsiela pneumoniae, a Serratia SP, e a Pseudomonas aeruginosa).

A via mais freqüente de infecção é a via ascendente, aquela que vem de fora para dentro. A bactéria coloniza a região próxima a uretra, combate os microrganismos benéficos que ali habitam e associados a alterações no Ph vaginal nas mulheres, queda de anticorpos e habilidades de aderir a curta uretra feminina, invade o tecido da bexiga. A urina então contaminada em uma bexiga que não esvazia corretamente é o primeiro passo para a infecção. Ainda nas mulheres, quando há erros simples na higiene genital, história de infecções anteriores, ou mesmo após relação sexual, associada ou não ao uso de diafragma ou espermicida, este quadro pode ser ainda mais freqüente.

Já no homem, a uretra muito mais longa torna a tarefa das bactérias um tanto mais complicada. Para haver colonização e infecção, o caminho não é só mais longo, como também a bexiga deve apresentar problemas para esvaziar completamente a urina, fato que pode ocorrer em pacientes com obstrução urinária ( hiperplasia prostática, estreitamento de uretra ) ou alguma alteração funcional do trato urinário.

A infecção logo instalada na bexiga começa a produzir os sintomas sendo os mais comuns: ardor para urinar, aumento da freqüência urinária, urina turva e fétida e sensação de micção incompleta. Quando esta etapa não é corretamente tratada, as bactérias podem ascender para os rins e ocasionar o aparecimento de febre, dores lombares e piora do estado geral, quadro chamado de pielonefrite, muito mais grave e que pode necessitar hospitalização.

Vale lembrar que a via sanguínea pode ainda levar bactérias para o trato urinário, situação que compromete diretamente os rins e ocorre em pacientes com alterações da resistência imunológica, demonstrando ser um quadro sensivelmente mais grave.

O diagnóstico de ITU deve ser sempre realizado pelo exame urinário associado à cultura de urina. Nem sempre sintomas na micção são sinônimos de infecção.

Tratar a ITU é simples, porém só seu urologista pode determinar a melhor forma de fazê-lo. Nas infecções que acometem a bexiga, ocasionadas pela E.coli, três dias de antibióticos são suficientes. Naquelas bactérias capazes de produzir cálculos, sete dias são necessários. Nas infecções mais graves, como a pielonefrite, o tempo da medicação é quatorze dias e algumas vezes, quando o paciente está muito acometido pelo quadro, a internação hospital é fundamental e a antibióticoterapia é realizada via endovenosa.

Lembre-se: há algumas medidas que podem ajudar a evitar a ITU como o aumento da ingesta hídrica, não segurar a urina e a correta higiene genital. Urinar logo após a relação sexual pode auxiliar mulheres que costumam desenvolver sintomas após o coito. Mudar o método contraceptivo para aqueles que não usam diafragma e espermicida pode trazer benefícios. Mulheres na pós-menopausa podem se beneficiar da reposição vaginal de estrógeno, capaz de estimular o crescimento de flora local benéfica. Aqueles homens que possuem problemas para urinar devem saber que o tratamento que melhore o esvaziamento da bexiga, clínico ou cirúrgico, é fundamental para evitar este problema.

Homem ou mulher, o importante é saber que a ITU deve ser sempre investigada e apenas seu urologista saberá a melhor forma de tratá-la, erradicando-a e evitando a sua recorrência.


Dr. Antonio Otero Gil - Urologista - CRM 60029








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