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27/11/2009
Exercício e climatério

Você já ouviu falar em climatério? Talvez sim, mas sabe o que é? E já ouviu dizer que a atividade física auxilia na manutenção da qualidade de vida no climatério?

A menopausa é a última menstruação que a mulher apresenta havendo passado 1 ano. Climatério é a fase de transição entre as menstruações e o término das mesmas. A idade em que ocorre a menopausa varia de mulher para mulher, em torno de 50 a 52 anos. É o período em que ocorre uma série de transformações fisiológicas, orgânicas e anatômicas.

Primordialmente é a cessação do funcionamento do ovário. É o término da capacidade procriativa da mulher. Nos animais e nos primórdios da espécie humana corresponde igualmente ao final da idade biológica e coincide com a morte. Nos humanos graças à inteligência da nossa espécie consegue-se viver de 1/3 a 1/2 da vida após esse período.

Uma série de ocorrências acontecem devido à ausência dos hormônios produzidos pelo ovário. De fato, além de perder a capacidade de reproduzir-se a mulher defronta-se com sintomas e conseqüências decorrentes da ausência de produção de hormônios pelos ovários. Um dos primeiros desconfortos que decorrem da falência ovariana são as famigeradas ondas de calor, ou fogachos, acompanhados de suores profusos. Ë uma sensação anômala e desagradável de calor súbito e violento atingindo o segmento craneal-facial de duração rápida, mais freqüente à noite e de freqüência e intensidade variáveis. O suor é eventualmente catastrófico, a desmanchar penteados e molhar vestimentas.

Além dos fogachos, há nesta fase, outros dissabores. Há maior tendência a distúrbios emocionais, por exemplo, irritabilidade exagerada, depressão, melancolia e tristeza. Freqüentemente, sensação de inutilidade, com maridos e parceiros dispersos e desinteressados atingidos que estão pela rotina de anos de convivência. Filhos distantes, ausência de expectativas.

A falta dos hormônios femininos e masculinos que os ovários produzem acarreta desinteresse na sexualidade e com o passar do tempo secura vaginal tornando o ato sexual desagradável. Muitas vezes, a carência de hormônios favorece perda involuntária de urina.

A par desses sintomas subjetivos, acontecem alguns malefícios orgânicos importantes. Dos mais importantes é a perda de estrutura óssea, o que acarreta no futuro as temíveis e decorrentes fraturas ósseas, sobretudo, do fêmur e da coluna.

Ao que parece, também a falta dos hormônios femininos após a menopausa facilita a ocorrência de enfartes do miocárdio e de derrames cerebrais.

Os fatos mencionados animam os médicos a fazer, em algumas circunstâncias, reposição hormonal com medicamentos que, ao menos parcialmente, imitam a ação dos hormônios naturais metabolizados pelos ovários. É evidente que nunca conseguir-se-á uma imitação perfeita da natureza, então, esses hormônios medicamentosos tem algumas desvantagens. Podem, por exemplo, afetar o estômago, o fígado e o sistema nervoso. Igualmente, podem favorecer tromboses, aumentar a pressão arterial, inchar e ocasionar dor nos seios. O maior temor imediato das mulheres, no entanto, é a expectativa de engordar com o tratamento hormonal. Este fato pode ocorrer, porém, é muito individual. Devemos esclarecer que a própria fase do climatério condiciona ganho de peso. A par disso outro fantasma a acompanhar a terapêutica de reposição hormonal é a expectativa de favorecimento de câncer. De fato existem, sobretudo, 2 tipos de câncer que são favorecidos pelo estrogênio, um dos hormônios femininos e que compõe com freqüência os medicamentos de terapêutica na menopausa. Um desses cânceres é o de endométrio, que é um dos tecidos que pertence ao útero. Neste caso, a adequada associação de estrogênio com a progesterona, outro dos hormônios femininos, permite diminuir de maneira importante essa eventualidade. Outro câncer favorecido pelo estrogênio é o da mama. Neste caso, parece que a reposição começa a aumentar um pouco a chance de câncer de mama após 10 anos de uso. Convém ressaltar, no entanto, que mulheres que fazem uso de hormônio por mais de 10 anos, apesar de terem mais câncer de mama, vivem por mais tempo. Pois, não são vítimas de enfarte e derrame cerebral.

Há inúmeras formas de reposição hormonal, assim como, inúmeros tipos de hormônios. Há formas, naturais e semi-sintéticas, assim como orais, adesivos transcutâneos (na pele), pomadas e implantes sub-cutâneos. A forma ideal varia de acordo com características sintomatológicas, orgânicas e funcionais de cada mulher e deve ser avaliada pelo especialista. Evidentemente, que há casos em que a mulher não se adapta à terapêutica de reposição hormonal. Em tais casos, para quase todos os problemas que acompanham a mulher nessa fase há outras opções não hormonais, as quais o ginecologista tem pleno conhecimento.

Além da terapêutica medicamentais no climatério, algumas importantes recomendações devem ser obedecidas. Por exemplo, uma atividade física de qualquer espécie de maneira rotineira ajuda a manter o peso, a estética e exacerba o ânimo e a disposição. Atividades intelectuais melhoram a performance racional, cognitiva e impedem os desagradáveis esquecimentos. A permanência em atividades profissionais ou a iniciação de novos ramos de atividade ou de conhecimento estimulam o prazer de viver e massageia o ego, aumentando a auto-estima.

Concluindo, a terapêutica de reposição hormonal na mulher climatérica é útil, porém, não obrigatória; não é isenta de percalços. Há opções substitutivas e, mais que isso, atividades não medicamentosas são, as vezes tão, importantes quanto qualquer remédio.

É preciso incentivar a atividade física no climatério, pois exercícios regulares reduzem os riscos de doenças cardiovasculares e osteoporose, além de causarem mudanças benéficas tanto do ponto de vista estético, quanto no humor.



Veja mais sobre o assunto em nossas colunas de Avaliação e Orientação Física com Profa Priscilla de Arruda Camargo e na coluna de Saúde Feminina com Prof. Dr. Mauricio Simões Abrão


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