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16/01/2009
O consumo de leite na idade adulta

Em relação ao leite, um ponto parece consenso: o de que o leite materno é o melhor alimento para o bebê, uma vez que até os seis meses de idade, ele não precisa ingerir mais nada, nem mesmo água. Com a adição progressiva de alimentos, iniciada a partir desta data, a criança passa a ingerir progressivamente menos leite materno até o desmame completo.

“Após o desmame, a criança passa a ingerir outros tipos de leite, geralmente com boa tolerância. Este consumo deve ser estimulado devido à riqueza em cálcio e proteínas desse alimento. São únicas as concentrações de cálcio, tão importantes para o crescimento e o desenvolvimento ósseo nesta fase da vida”, destaca a endocrinologista Ellen Simone Paiva, diretora do Citen, Centro Integrado de Terapia Nutricional.

Alergia x intolerância ao leite

“As limitações médicas ao consumo normal de leite se referem a duas condições clínicas distintas: a alergia à proteína do leite de vaca e a intolerância à lactose. O diagnóstico correto de uma ou de outra condição é fundamental, uma vez que a terapia nutricional é muito diferente para cada um destes casos. Na intolerância à lactose, leite e derivados podem ser consumidos em quantidades pequenas, enquanto na alergia à proteína do leite de vaca, ele deve ser totalmente suspenso do cardápio”, explica a médica.

A alergia alimentar é uma reação adversa do paciente a uma proteína do alimento. Potencialmente, todo alimento que contenha proteína pode desencadear alergia, mas 90% dos casos de alergia alimentar nas crianças e lactentes são causados por alguns poucos alimentos como leite de vaca, ovo, amendoim, soja e trigo. A alergia alimentar se manifesta de diversas maneiras, podendo ocorrer lesões de pele como placas avermelhadas que coçam muito; inchaço nos lábios e língua; dor abdominal; vômitos; diarréia e distensão abdominal; tosse; chiado no peito e falta de ar; coriza; constipação intestinal após desmame; evacuações com estrias de sangue e muco.

“A base do tratamento da alergia alimentar é a dieta de exclusão, onde a proteína envolvida na alergia deve ser totalmente suspensa da dieta. É fundamental entender que a alergia não é de natureza quantitativa e sim qualitativa, e que mesmo em quantidades mínimas, o alimento envolvido pode provocar a recidiva dos sintomas. Por exemplo, na alergia ao leite de vaca, o consumo de margarinas, alimentos preparados com manteiga, purê de batatas e panquecas pode causar os mesmos sintomas. Nesses casos, o leite deve ser abolido do cardápio”, explica a médica.

Já a intolerância alimentar é uma reação adversa aos alimentos, não mediada por mecanismos imunológicos. A intolerância à lactose é um bom exemplo dessa categoria, onde o açúcar do leite (lactose) não é absorvido pelo organismo e seu acúmulo no intestino causa fermentação pelas bactérias colônicas, com distensão gasosa, flatulência, dor abdominal e diarréia.

A lactose é o açúcar encontrado apenas no leite e parece ser um nutriente específico da infância, pois a enzima lactase - necessária para a digestão da lactose e presente no nascimento dos mamíferos - vai perdendo sua atividade após o desmame, comprometendo a absorção da lactose ao longo da vida adulta. Hoje, estimamos que mais da metade dos adultos, em todo o mundo, tem intolerância à lactose. Essa intolerância não se constitui, necessariamente, numa anormalidade, uma vez que os humanos são os únicos mamíferos que mantém a atividade da enzima que digere a lactose no intestino, após a fase de amamentação. A prevalência da intolerância à lactose entre adultos na América do Sul é maior que 50%, e, em alguns países asiáticos, esse número pode chegar a 100%.

“A maioria das pessoas com intolerância à lactose tolera pequenas quantidades desse carboidrato em uma refeição, sem apresentar sintomas. Estas pessoas toleram melhor os leites fermentados e iogurtes. A razão para essa ocorrência é o fato de que durante a fermentação do leite, a lactose é parcialmente hidrolisada, resultando em menor concentração de lactose nesses produtos. Além disso, a tecnologia da produção de alimentos é muito desenvolvida em relação aos laticínios e já estão no mercado leite de vaca sem lactose, o que possibilita a esses pacientes a grande regalia que é a ingestão do leite de vaca”, afirma Ellen Simone Paiva, que também é médica nutróloga.

Qual a necessidade real de leite na vida adulta?

Nem todas as pessoas toleram a ingestão do leite de vaca. Nesses casos, há no mercado leites sem lactose, que podem perfeitamente ser utilizados por essas pessoas. “Se não houver um consumo regular de leite, fontes alternativas de cálcio devem ser viabilizadas”, recomenda a nutróloga.

Para os que toleram a ingestão do leite de vaca e seus derivados, a possibilidade de atender às recomendações de ingestão de cálcio é muito maior, principalmente em situações onde as necessidades diárias de cálcio são grandes, como é o caso de crianças, adolescentes, mulheres – gestantes, que estão amamentando ou na menopausa - e idosos de uma maneira geral.

Outros alimentos fonte de cálcio, além dos laticínios:

· 100g de feijão branco cozido – 90mg de cálcio
· 100g de couve manteiga crua – 145mg
· 100g de brócolis cru – 47mg
· 100g de peixes (sardinha, manjuba, traíra) – 500mg

“Para manter ossos saudáveis, precisamos ingerir entre 1000 a 1500mg de cálcio por dia. Essa meta é muito difícil de ser alcançada na impossibilidade do consumo de leite de vaca e seus derivados, necessitando, muitas vezes, da suplementação através dos sais de cálcio ingeridos sob a forma de comprimidos diariamente”, diz a médica.

Compare as concentrações de cálcio nos principais alimentos fontes:

300mg de cálcio em média

· 1 copo de 200ml leite
· 1 pote de 200ml iogurte
· 1 fatia de 50 gramas de queijo

Os diferentes tipos de leite

Do ponto de vista nutricional os diferentes tipos de leite podem ser analisados de acordo com a tabela abaixo:



“Tem sido corriqueira e bem vinda a suplementação dos leites com cálcio, vitamina D, vitamina A e ferro. Além disso, a qualidade nutricional inquestionável dos leites e derivados desnatados, com redução dos altos teores de gordura saturada do leite integral, têm colocado esses alimentos como um exemplo padrão de como a indústria pode colaborar beneficamente na fabricação de alimentos saudáveis, inclusive melhorando a qualidade nutricional dos mesmos”, reforça a diretora do Citen.

Tomar ou não tomar?

Segundo a nutróloga Ellen Simone Paiva, diante das informações que dispomos hoje, podemos concluir que:

(1) O leite de vaca desnatado é tão rico em cálcio e proteínas quanto o leite integral. Sua baixa quantidade de gordura lhe confere a qualidade de ser pouco calórico, com o mesmo valor nutricional dos demais;

(2) O leite de cabra é usado empiricamente por pessoas com alergia à proteína do leite de vaca, mas trata-se de uma bebida com o dobro de gordura em relação ao leite integral e bem mais calórico. A seu favor está o fato de que ele tem a mais alta concentração de cálcio de todos os tipos de leite;

(3) Não há vantagem em trocarmos o leite de vaca pelo leite de soja. O leite de soja é pobre em cálcio, o que retira do leite um dos maiores benefícios de seu consumo, principalmente para mulheres na menopausa, quando as necessidades desse mineral aumentam muito. Logo, não se justifica a troca do leite de vaca pelo leite de soja;

(4) Em casos de dietas para emagrecer, a troca do leite integral pelo leite desnatado é adequada e pertinente;

(5) Nos casos de intolerância à lactose, a opção ideal ainda é o consumo do leite de vaca sem lactose, disponível no mercado;

(6) A alergia ao leite de vaca exige a suspensão desse alimento, mesmo em pequenas quantidades, além de alimentos que utilizam leite em sua composição. A ocorrência do problema é maior na infância e tende a melhorar com o avançar a idade;

(7) A possibilidade de ingerir leite de vaca até o final da vida vai depender da tolerância de cada um. Para aqueles que não desenvolverem nenhuma deficiência de absorção de lactose e para os que têm boa tolerância a ela, não vemos nenhum substituto à altura.

SERVIÇO:
CITEN - Centro Integrado de Terapia Nutricional
Tel: (11) 55791561.
faleconosco@citen.com.br

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