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15/04/2012 Diagnóstico: câncer. E agora? Além do suporte emocional e médico, o paciente deve se cercar de outros cuidados e adotar posturas que auxiliam na luta contra a doença Independentemente do tipo de tumor, este diagnóstico gera diversas dúvidas e receios. Junto a tudo isso, ainda há passos que devem ser tomados pelo paciente e seus familiares: a escolha do oncologista, o entendimento do tipo de câncer, informações sobre direitos e benefícios, entre outros. A partir do momento do diagnóstico, muitos termos específicos são utilizados com frequência – inclusive relacionados ao tipo de tumor. “O paciente não precisa saber nomes técnicos, mas deve entender o significado de sua doença”, explica Ricardo Caponero, oncologista clínico de São Paulo. Entre alguns deles estão: Câncer: familiarize-se com termos comuns Anticorpos: parte do sistema imunológico, essas proteínas são responsáveis por identificar moléculas estranhas ao organismo e “eliminá-las”, ligando-se a essas invasoras. Benigno: tumor que não atinge outros tecidos do corpo, ficando restrito a apenas uma localidade. Por isso, são mais fáceis de serem tratados e removidos. Maligno: tumor canceroso, que pode atingir tecidos vizinhos e se espalhar para outras partes do corpo. Carcinoma: tipo de câncer que se desenvolve nos tecidos que revestem o interior ou exterior de órgãos. Pode também ter origem na pele. Metástase: quando o câncer já atingiu outro órgão, que não seja o mesmo onde se originou. Isso acontece quando as células cancerígenas transitaram de uma parte para outra do corpo por meio do sangue ou sistema linfático. Paliativo: cuidados que abrangem a parte física e psicológica, visando amenizar sintomas da doença ou eventos adversos importantes do tratamento. O objetivo é melhorar a qualidade de vida do paciente. Terapia adjuvante: ela é indicada para reduzir as chances de uma recidiva (volta do tumor) ou para exterminar qualquer célula cancerígena remanescente – por isso, essa terapia é realizada após o tratamento principal. Quimioterapia: medicamentos que podem ter diferentes objetivos no tratamento do câncer, como inibir o desenvolvimento do tumor ou eliminar células cancerosas. Radioterapia: tratamento que utiliza radiação para exterminar tumores. Pode ser administrado por uma máquina externa ou por um pequeno implante colocado no próprio tumor ou em tecidos próximos a ele. Terapia-alvo: passou a ser utilizada no final da década de 1990 e início dos anos 2000 e te m atuação bastante específica. Os tratamentos têm como alvo genes, proteínas ou qualquer outra molécula envolvida no processo de desenvolvimento ou “manutenção” do tumor. Remissão: ausência de sinais do câncer, que pode ser definitiva ou temporária. Quando há desaparecimento dos tumores, ela é chamada de remissão completa, enquanto a remissão parcial corresponde a uma redução de pelo menos 30% do tumor. Fontes: Dr. Ricardo Caponero e American Society of Clinical Oncology (www.cancer.net) Geralmente, um médico de outra especialidade é quem dá o primeiro alerta ou aponta o câncer: “são raras as exceções em que o paciente procura diretamente o oncologista”, diz Caponero. Por isso, na maioria das vezes, somente após receber o diagnóstico é que o paciente procurará um oncologista – que pode ser indicado pelo médico que descobriu a doença e, se possível, que seja um especialista no tipo de tumor diagnosticado – eles costumam estar mais atualizados e possuir grande experiência no tratamento de determinado tipo de câncer. Essa atualização constante é importante, já que nos últimos anos, os tratamentos evoluíram significativamente. Entre essas opções modernas estão as terapias-alvo, que têm como principal característica a seletividade da ação, atingindo preferencialmente partes importantes das células tumorais – diferentemente da quimioterapia tradicional, que ataca todas as células que se multiplicam rapidamente, sem fazer diferenciação entre as saudáveis e as tumorais. Alguns medicamentos disponíveis no mercado nacional se encaixam nesse tipo de terapia-alvo, como os inibidores de tirosina quinase, os inibidores da mTOR e os anticorpos monoclonais. Um exemplo desses medicamentos é Sutent (sunitinibe), terapia oral indicada para câncer de rim, GIST (tumor estromal gastrointestinal) e um tipo raro de câncer no pâncreas – tumor neuroendócrino de pâncreas (pNET). Sutent possui mecanismo de ação duplo, impedindo o crescimento de novos vasos sanguíneos que alimentam o tumor e atacando diretamente as células tumorais, o que evita sua multiplicação. Há também o Torisel (tensirolimo), indicado para pacientes com câncer renal mais agressivo, possuindo mecanismo de ação moderno também baseado no conceito das terapias-alvo, a inibição do receptor mTOR. Com esta atuação, a medicação proporciona sobrevida mais longa a estes pacientes. Além de terapias-alvo, há outros tipos de medicamentos, que podem ser utilizados como sequência de um tratamento inicial – como Aromasin (exemestano), da Pfizer. Pertencente à classe dos inibidores da aromatase, Aromasin é indicado na estratégia de troca após o tratamento com tamoxifeno (utilizado por cerca de dois a três anos), em mulheres na pós-menopausa com câncer de mama em estágio inicial, sensíveis ao estrógeno. Aromasin também é indicado para câncer de mama em estágio avançado em quem a doença progrediu após a terapia antiestrógeno. Abordagem multidisciplinar Como o câncer é uma doença que exige atenção multidisciplinar, além do oncologista, entre outros profissionais que devem ser consultados está o odontologista – já que uma gengivite, por exemplo, pode virar foco de infecção durante o tratamento oncológico, quando a imunidade do paciente estará debilitada. O paciente pode ainda, durante o tratamento, sofrer disfunções gastrointestinais (diarreia ou constipação), alteração de paladar ou mesmo intolerância a certos alimentos – por isso, um nutricionista ajuda na elaboração de uma dieta personalizada, inclusive indicando substituições adequadas para o bem-estar do paciente. Outro profissional importante é o terapeuta ocupacional, que dá apoio das mais diversas maneiras: ouvindo e conversando; propondo atividades lúdicas ou mesmo com orientações sobre como amenizar possíveis dores causadas pela doença. Depois de se cercar de bons profissionais de saúde, o paciente deve ficar atento aos direitos reservados aos que sofrem de doenças graves – entre elas o câncer. Na tabela abaixo, alguns benefícios são listados. Direitos dos pacientes com câncer Transporte: em alguns municípios brasileiros, as viagens de trem, metrô e ônibus são gratuitas. O paciente deve procurar as companhias responsáveis pelo transporte e solicitar o benefício – que pode, dependendo do caso, se estender ao acompanhante. IPVA: o paciente com câncer tem o direito de isenção ao imposto de veículos adaptados em alguns estados brasileiros. FGTS: o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço pode ser sacado pelos pacientes ou por titulares que possuam dependentes que sofram de câncer. Auxílio-doença: caso seja necessário afastamento do trabalho devido ao câncer, o paciente segurado pelo INSS pode receber um valor mensal como benefício. Ele deve procurar o Posto de Previdência Social mais próximo. Imposto de Renda: há isenção deste imposto sobre os valores recebidos devido a aposentaria. Fontes: http://www.receita.fazenda.gov.br/GuiaContribuinte/IsenDGraves.htm http://www.icesp.org.br/Pacientes-e-Acompanhantes/Direitos-do-Paciente/ Somados aos conhecimentos e aos benefícios a que possa ter por direito, o paciente deve procurar uma ajuda fundamental: o apoio e conforto de amigos e parentes. “A atitude positiva, mas realista, é essencial – assim como suporte da família”, diz o oncologista. Caso o paciente não se sinta confortável com amigos ou parentes, um psicólogo também pode auxiliar. Outra dica importante é incluir na agenda algum programa prazeroso, como encontrar amigos ou ir ao cinema. Caso não seja possível sair de casa, vale convidar pessoas queridas para uma visita e que, de preferência, o câncer não seja a pauta do dia. Veja mais sobre o assunto em nossa coluna de Saúde Feminina com Prof. Dr. Mauricio Simões Abrão |
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