CAQUI: delícia chinesa (safra de março a junho, melhores preços em abril e maio)
Você já deve ter percebido que nos sacolões, feiras livres e supermercados esta delícia começa a aparecer em abril com bons preços, não é? Portanto vamos falar de sua história, valores nutricionias e receitas... Sim! Podemos fazer coisas deliciosas com o caqui!
O caqui é originário da Ásia, mais precisamente da China, de onde foi levado para a Índia e para o Japão. Cresceu em seu habitat em estado silvestre desde tempos imemoriais.
No Brasil chegou no final do século IX ,com a primeira imigração japonesa, aclimatou-se muito bem e passou a frutificar ainda melhor do que em seus países de origem, tendo se tornado produto de importante exploração comercial. Provavelmente porque, como já dizia Pero Vaz de Caminha, "nesta terra, em se plantando tudo dá"!
Não foi por acaso que os imigrantes japoneses iniciaram seu cultivo no Brasil. As crianças nipônicas ficavam fascinadas pela fruta logo cedo, porque o folclore sobre a origem "mágica" do caquizeiro faz parte das histórias infantis tradicionais no Japão. A lenda, descrita em O Livro das Frutas, de Jane Grigson (Companhia das Letras, São Paulo,1999), envolve um grande líder samurai do século XII, Yoshitsune. Com astúcia, ele derrotou o gigante Benkei num único golpe. O samurai "não era maior que uma bota", porém tinha a valentia de um tigre e desferiu um golpe certeiro que fez o gigante cair no chão, abrindo um grande buraco. Ouviu-se enorme estrondo e da fenda surgiu uma árvore alta, repleta de frutas vermelho-alaranjadas e suculentas. O samurai e o gigante saborearam, juntos, o caqui e se tornaram amigos inseparáveis.
Espalhados pelo Sul, pelo Sudeste e em algumas partes do Brasil Central, mais de um milhão de pés de caqui garantem uma safra boa e de qualidade para os produtores, comerciantes e amantes da fruta. Mais da metade dessa produção é proveniente dos grandes pomares existentes no Estado de São Paulo, especialmente nas regiões do Vale do Paraíba, de Campinas, de Sorocaba e da Grande São Paulo, e se destinam, basicamente, ao mercado interno.
Basicamente são encontrados no Brasil três tipos de caqui: os taninosos ou sibugaki de coloração quase vermelha e que necessitam de um tratamento especial após a colheita para se tornarem comestíveis (conhecidos como rama forte), pois deixam na boca uma sensação adstringente ruim em virtude do excesso de tanino que possuem em sua composição; os amagaki que são os caquis doces ou não taninosos (fuyu), de polpa firme e mais amarelos quando maduros, e que podem ser consumidos sem nenhum tratamento; e os variáveis (chocolate), que podem tanto ter polpa amarela e não possuir sementes nem tanino, como ter polpa escura e possuir sementes e tanino.
Qualquer que seja a variedade considerada, o fruto do caquizeiro é quase só polpa. De aparência gelatinosa e fria, concentrando boas quantidades de caroteno (vitamina A) e vitaminas do complexo B e C, a polpa do caqui é constituída basicamente de mucilagem e pectina, responsáveis pela aparência característica da fruta. O seu teor de açúcar, que varia entre 14 e 18%, supera o da maioria das frutas de consumo popular. Por isso, cuidado! Não abuse caso queira manter a silhueta, ok?!
Iguaria muita apreciada pelos descendentes de japoneses que vivem no Brasil, a passa do caqui desidratado - que tem melhor qualidade se produzida com as variedades de caqui de polpa mais firme, quando estes não estão nem muito maduros nem verdes - é praticamente a única forma de se conservar a fruta na entressafra. Esse processo, como aliás o de qualquer fruta-passa, tem a grande vantagem de manter as qualidades nutritivas da fruta sem que lhe sejam adicionados produtos químicos ou nocivos à saúde.
Os meses de março a junho marcam a alta temporada do caqui no Brasil, o que coloca a fruta entre os ingredientes ideais para a composição de receitas nessa época do ano, quando está fresca, saborosa e pode ser encontrada a bom preço. Na hora de escolher o caqui, basta lembrar de um conhecido dito popular: as aparências enganam. A fruta alcança a forma ideal para ser apreciada quando a pele, translúcida, começa a ganhar manchas amarronzadas, a textura se torna mole e a fragilidade evidente. Tais características, comprometedoras para qualquer outra fruta, são justamente o atestado de que o caqui está em sua melhor forma!
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