Associação Brasileira de Nutrologia defende atualização das diretrizes brasileiras de uma alimentação saudável As diretrizes para alimentação saudável, do Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Sáude, precisam ser reformuladas para entrar em acordo com as necessidades nutricionais atuais do País. Essa é a opinião da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), após analisar a 7ª edição do Dietary Guidelines for Americans, com as recomendações para a alimentação, elaboradas pelo Departamento de Agricultura Americano (USDA, na sigla em inglês) e pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (HHS). A publicação é atualizada a cada cinco anos, baseada em evidências para promover a saúde nutricional, reduzir o risco de doenças crônicas e obesidade. Segundo o Dr. Carlos Alberto Werutsky, médico nutrólogo e diretor da entidade, existem diferenças entre os focos das duas diretrizes. "O USDA dá ênfase na prevenção e controle da obesidade, diabetes e hipertensão, enquanto a política de alimentação brasileira ainda contempla a desnutrição, a anemia e a hipovitaminose A", comenta. Para ele, essa política nacional é bem elaborada, mas precisa de mudanças. "Existem pontos a alterar, pois a população subnutrida está dando lugar à população obesa, e essa transição do estado nutricional no Brasil já é sinalizada desde a década de 80 pelo IBGE". "Nos EUA a obesidade já passa dos 30%, enquanto no Brasil está ao redor dos 15%", observa o médico. O relatório norte-americano está baseado em resultados que mostram que a maioria dos adultos e uma em cada três crianças apresenta sobrepeso ou obesidade. Legumes, frutas, grãos, produtos lácteos sem gordura ou com baixo teor de gordura e frutos do mar são as recomendações principais. Além disso, reduzir consumo de sódio, gorduras saturadas e trans, açúcares e grãos refinados é essencial, segundo o USDA. O especialista também acredita que, no Brasil, falta fiscalização para alimentos e produtos que contrariam a proposta saudável e que possuem altos teores de sal, açúcar e gordura trans, por exemplo, mas continuam sendo fabricados e comercializados normalmente. "Há necessidade de tornar mais acessível à população de baixa renda os cereais integrais, frutas, verduras e hortaliças variadas e laticínios com baixo teor de gordura", esclarece. Para USDA, vegetarianismo favorece dieta saudável Um dos pontos das novas diretrizes dos EUA indica um consumo moderado de carne e aponta que os vegetarianos têm apresentado melhores resultados na saúde. Segundo o especialista, de fato, há estudos que associam os vegetarianos à níveis de IMC (índice de massa corpórea) saudáveis, a um menor risco de hipertensão e doenças cardiovasculares. Ele salienta, no entanto, que isso pode ter relação com o fato dos vegetarianos serem mais regrados com a alimentação. "A epidemia da obesidade no mundo é resultado do alto consumo de gordura saturada e açúcares ou, ainda, pela dificuldade da maioria das pessoas com obesidade em fazer dieta", ressalta. O Dr. Werutsky explica que somos dotados para metabolizar alimentos de origem animal. Ele cita a "Lei da Harmonia", que é uma das Leis da Alimentação e implica na necessidade de proporção entre os nutrientes (carboidratos, gorduras e proteínas), segundo a exigência do nosso metabolismo. "É muito mais rápido armazenar e gastar energia através de gorduras e carboidratos, do que recuperar tecidos, como fibras musculares, cabelo e pele, por exemplo, através das proteínas. Para recuperar essas estruturas proteicas, o vegetariano precisa consumir uma maior quantidade de proteínas vegetais, para compensar a menor qualidade proteica em relação à proteína animal". "A necessidade do organismo de um adulto é de 50 a 60% de carboidratos, para 15% de proteínas, preferencialmente de alta qualidade, ou seja, de origem animal, como as carnes. Inverter essa proporção pode, por exemplo, causar aterosclerose. A falta de proteína da carne também pode gerar carência de vitamina B12 e creatina muscular, que é a reserva energética para o trabalho de explosão muscular", afirma o médico. Ele ainda assegura que a recomendação de gordura saturada é de 10% do total de 30% de gorduras a serem consumidas numa dieta saudável, não sendo prejudicial nessa proporção. Médico nutrólogo dá dicas simples e básicas para hábitos saudáveis - Aproveite o alimento, mas coma em menor quantidade, evitando porções grandes. - Os alimentos industrializados devem complementar a alimentação preferencialmente "in natura" - Coma frutas, verduras e legumes. - Altere o consumo de leite integral para o desnatado ou semidesnatado, com menor teor de gordura. - Compare o sódio dos alimentos como sopas, pães ou refeições congeladas. - Beba água no lugar de bebidas açucaradas. - Pratique atividade física regular | |
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