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Apnéia do sono pode levar à morte?

Na última semana, a Academia Brasileira de Neurologia atuou com uma campanha para desenvolver bons hábitos para o sono entre a população brasileira. Logo abaixo a neurologista Andrea Bacelar, presidente da Sociedade Brasileira de Neurofisiologia Clínica-RJ e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Sono (RJ) explica sobre o assunto e dá dicas para se dormir melhor.

Apnéia do sono pode levar ao óbito

“Tratar a apnéia diminui o risco de morte em 40%”, é o que afirma a neurologista Andrea Bacelar, da clínica Carlos Bacelar, na Tijuca. Segundo ela, a Síndrome de Apnéia Obstrutiva do Sono (SAOS), que ocorre em mais de 5% da população, é a principal causa de hipertensão secundária, sendo a obesidade um fator de risco importante para o seu desenvolvimento. E uma vez que cresce o número de obesos no mundo, aumenta também o risco de desenvolver apnéia do sono, podendo chegar a 30%.

O distúrbio é caracterizado por repetidas oclusões da faringe posterior durante o sono, provocando obstrução da passagem do ar. Há a queda do oxigênio na circulação, seguida de um despertar breve para a retomada da respiração normal. A neurologista explica que essa queda do oxigênio circulante está relacionada ao aumento da liberação de adrenalina que, associada à liberação de substâncias pró-inflamatórias e fatores pró-trombóticos, favorecem a aterosclerose, o entupimento das artérias e a hipertensão arterial.

Segundo Andrea, a apnéia está associada ao cansaço durante o dia decorrente da fragmentação do sono e age no sistema circulatório em três regiões: no vaso sangüíneo, endurecendo a parede das artérias (aterosclerose); na circulação, aumentando a viscosidade do sangue (aumento da agregação plaquetária) e, diretamente no coração, facilitando o aparecimento de arritmias cardíacas, infarto agudo do miocárdio e até falência cardíaca.

“Últimos estudos realizados constataram que após sete anos com apnéia, 16% das pessoas que não a trataram desenvolveram doenças cardiovasculares. Já em outro grupo de apneicos que apresentavam o distúrbio há 15 anos, e que passou por tratamento, pôde-se observar redução do óbito em 40% em relação ao grupo que não tratou a apnéia”, citou a neurologista durante o Congresso Brasileiro de Sono, realizado em novembro, em Fortaleza.

Estudos também revelam que os pacientes hipertensos com apnéia que trataram o problema com aparelho CPAP* - que gera pressão positiva de ar nas vias aéreas - reduziram em 2.5 pontos a pressão arterial sistólica, e 1.8 a pressão diastólica (Hypertension. 2007 Aug;50(2):417-23l). “Isso demonstra que o tratamento da apnéia do sono vai muito além da melhora da sonolência diurna. É capaz de mudar a história natural da doença, prevenir doenças cardiovasculares e melhorar a qualidade de vida a longo prazo”, comentou Andrea.

A médica aponta o ronco como principal sinal de alerta para a apnéia do sono e indica a polissonografia** como o exame para diagnosticar o problema, devendo ser realizado em todos os pacientes hipertensos, principalmente nos que se queixam de sonolência durante o dia. Quanto ao CPAP, ela diz ser o tratamento mais recomendado atualmente de pacientes que sofrem de apnéia moderada e grave.

CPAP* - sigla inglesa para Continuous Positive Airway Pressure, ou Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas. Tratamento de natureza mecânica em que o indivíduo dorme com uma máscara nasal conectada a um gerador de fluxo de ar. A pressão do ar gerada evita o colapso das vias aéreas e abole completamente os distúrbios respiratórios noturnos.

Polissonografia** – exame que registra, durante uma noite inteira de sono, uma série de funções do organismo: atividade elétrica do cérebro (EEG), movimentos oculares, atividade muscular, eletrocardiograma, movimentos respiratórios, respiração nasal e bucal e o nível de oxigênio no sangue. Pode ser realizado num laboratório de sono ou no domicílio do paciente, com aparelhos portáteis.

Recomendações para uma boa noite de sono

1. Manter o quarto arejado durante o dia. À noite, porém, escureça-o bastante. Faça de seu ambiente de sono um lugar realmente bom. Sem ruídos durante a noite. Conserve o quarto limpo e com temperatura adequada: no verão, refresque-o; no inverno, aqueça-o.

2. Evite ingerir álcool ou cafeína nas horas próximas de iniciar o sono. À noite, não tome bebidas cafeinadas e limite ao máximo aquele chopinho ou a dose mínima de uísque ou qualquer outra bebida destilada. Além de evitar café e chá preto, fique longe de refrigerantes. Prefira sempre suco e água.

3. O uso constante de tranqüilizantes é das armadilhas mais detestáveis para se conseguir um bom sono regular. Evite soníferos de controle de venda nas farmácias. Os ansiolíticos, tranqüilizantes e soníferos podem criar hábitos indesejáveis para a conciliação do sono regular.

4. Antes de ir para a cama só faça refeições leves. Que tal um chazinho de camomila ou erva cidreira acompanhado de torradinhas simples? Uma pêra ou uma maçãzinha também ajuda a manter o estômago satisfeito sem interferir na conciliação do sono bom.

5. Evite exercícios físicos nas horas próximas de ir para cama. Mas não renuncie aos exercícios pela manhã ou durante o dia. Fazer caminhadas e cooper sob orientação médica, nadar, andar de bicicleta e aderir à musculação em academias são práticas das mais saudáveis e ajudam na arquitetura do sono correto.

6. Estabeleça horários regulares para dormir e acordar. A noite existe para o descanso e o sono completo. O dia é próprio para as atividades do trabalho, do estudo e do lazer. Respeite seu ritmo biológico. Assim, não se deve cochilar durante o dia. A menos que se trate de criança ou idoso.

7. Preste atenção em atividades negativas ao bom sono porque estimulam o estado de alerta. Portanto, evite usar, duas horas antes de dormir, computadores e Internet. Para alguns, TV e leitura podem ajudar na indução do sono. É preciso saber o que é melhor para cada um.

8. Banho relaxante ajuda a dormir. Portanto, uma banheira morninha, com sais e massagem leve, quem sabe seguida de meditação, respiração sob controle e posições de relaxamento são sempre muito bem vindo quando a noite chega e você se propõe a afastar preocupações e estresses.

9. Nunca se alimente na cama. Evite também o aparelho de TV diante do leito mesmo ou principalmente para atividades do amor. Dormir junto ao parceiro é muito bom e saudável. Mas cuidado com os estímulos artificiais das bebidas e os aperitivos da imagem e do som da televisão e do DVD.

10. Finalmente, vá para a cama somente quando estiver com sono. Mas deixe a cama caso não consiga dormir logo. E retome atividades relaxantes em ambientes com pouca luminosidade até ter sono novamente. Controlar as horas no relógio ao se deitar também é ruim, pois aumenta a ansiedade.

Boa noite!

Andrea Bacelar é presidente da Sociedade de Neurofisiologia Clínica do Rio e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Sono (RJ), especialista em Medicina do Sono e Neurofisiologia (polissonografia).




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