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O ciúmes nosso de cada dia!

Tem pessoas que sofrem por sentir ciúmes e viver numa escravidão amorosa. Veja aqui como lidar com este sentimento e de onde ele pode vir!


O ciúme nosso de cada dia e a cultura da escravidão amorosa (*)


Sentir ciúme faz bem à relação? Eis aí uma questão controversa. Uns afirmam que não e recriminam o ciúme como um sentimento possessivo e destrutivo, outros preferem adotar o ciúme como um gesto de cuidado e atenção em relação a pessoa amada. Muitos defendem a ideia que quem ama sente ciúme, associando um conceito a outro. Talvez por isso, muitos vivenciem o amor como algo aprisionador e sufocante, pois, sentir ciúme é uma maneira de demonstrar seus sentimentos pelo outro. Sentimentos podem ser bons ou não. Lógico que cuidar, acolher, se apegar e viver uma grande paixão é importante para qualquer pessoa, e talvez, neste contexto, o ciúme seja uma maneira de exacerbar o medo de perder a pessoa amada.

De fato, o ciúme é incômodo e torturante a todos que o vivencia. Uma sensação de insatisfação que expõe a relação amorosa, deixando-a conturbada e inconstante. Passa-se a viver a mercê deste ciúme. Medo de perder, sensação de abandono por sentir-se enganado, uma iminente sensação de que vai ser traído. Rivalidade e disputa contra tudo e todos para assegurar e manter seu lugar ao lado de quem, supostamente, se ama. Supostamente porque com muita facilidade, e erroneamente, distorcemos e criamos sentimentos efêmeros e equivocados, imagine o que atribuímos ao outro?

Para elas, o ciúme não poderia ser evidenciado, pois, as mulheres deveriam ser obedientes, discretas e submissas. Quanto aos homens, o ciúme estava ligado à falsificação de descendência, ou seja, terem filhos de outro homem, o que comprometeria sua integridade masculina, logo, o respeito social e por consequência, não terem descendentes legítimos e dar seu nome a um bastardo. A violência contra a mulher, inclusive, é alimentado pelo ciúme. O autoritarismo do homem, que pautado num sistema patriarcal, respalda-se através do desejo masculino da herança sistemática, que levou os homens a controlarem a sexualidade das mulheres como meio de deixar clara a paternidade. Sistema este baseado no modelo senhorial e os clãs parentais. As mulheres são vistas como propriedade privada.

Remetendo-nos a vida do bebê, podemos entender, em partes, a relação entre amor e ciúme. O bebê ainda na barriga da mãe é bombardeado com desejos e expectativas dos pais, principalmente da mãe. Estas projeções criam na mãe e no bebê um estado emocional de dependência, pois, a mãe vê no filho o auge da sua realização como mulher. O bebê ao ser tirado do conforto que tinha na barriga da mãe procura seu acalento, que vêm através do acolhimento da maternidade. O bebê ama a mãe por diminuir a sensação de desconforto e abandono. Esta simbiose diminui com o tempo, mas faz com que a criança se torne possessiva e controladora, pois, quer a mãe só para si. Medo de perder seu ancoradouro e segurança. O pai, excluído desta relação dual, rompe com esta simbiose, baseado num sentimento de exclusão e traição. Esta dependência infantil é reeditada depois na adolescência e na idade adulta e todas as referências adquiridas transferidas à pessoa amada.

O ciúme do homem está atrelado a uma possível traição sexual, quanto que na mulher o ciúme é associado a uma infidelidade emocional. Fato é que sentir ciúme é sentir-se ameaçado. E não me refiro á ameaça de perder o outro, tão somente, mas perder para o outro. Possuímos, implicitamente, a percepção de não possuir o outro, ou seja, não temos posse de ninguém, o que, talvez, seria muito confortável. Mas à medida que nos relacionamos deparamos com nossa finitude, limites e a impossibilidade de aniquilar a independência e autonomia da pessoa que se ama. O intuito numa relação amorosa é ser feliz sem pagar ou cobrar um preço para isto. Acontece que somos muito egoístas para aceitar a autonomia do outro, inseguros e dependentes. Sendo assim, ao encontrar um adversário em potencial, comparamos nossas qualidades e defeitos com os dele e verificamos as desvantagens que colocariam em risco nossa posição hegemônica na relação cultivada. Se nos sentimos ameaçados, nos defendemos brigando, muitas vezes, das nossas fantasias que insistimos em considerar reais. São conflitos dicotômicos. Lutamos com quem amamos e com quem está fora da relação.

As relações amorosas acontecem muito mais ancoradas às necessidades e interesses próprios do que pelo prazer. As exigências são reflexo da posição do bebê que espera tudo da mãe, que por sua vez, deve descobrir e satisfazer quase que imediatamente tais necessidades. Dependência e amor coexistem e se integram. Para muitas pessoas, a falta de autonomia é confortada pelo ciúme do outro e acredita-se que numa relação amorosa um deve viver sempre junto do outro.

Existe uma tendência para que esta ditadura do ciúme diminua. No momento que as pessoas respeitarem suas vidas e não se fundirem à pessoa amada. Nos dias de hoje, desvincula-se a ideia de unidade entre um casal, para dois seres autônomos, abandonando esta escravidão da exclusividade. Não deve-se viver em função ou a mercê do outro. As pessoas estão se percebendo cada vez mais e se libertando destes paradigmas. Antes de viver uma relação amorosa, a história anterior não deve ser extinta e ignorada. Devemos manter nossas vidas. Na relação amorosa, criamos intersecções, mas que não devem nos acorrentar. Não existe culpa em dar vazão aos desejos. Libertar-se de regras e conceitos enraizados na sociedade e praticar a autonomia é saudável, diminuindo o sofrimento pelo ciúme, que inevitavelmente vai surgir.



(*) Por Breno Rosostolato, que é especialista em psicologia clínica, arteterapia, hipnose clínica, sexualidade e professor de psicologia



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