Colunistas

Amauri Sergio Altieri
Atividade Física e Musculação
Artigos | Currículo   

Musculação na infância e adolescência

Um assunto bastante polêmico e que causa dúvidas e preocupações para pais, professores e treinadores é a musculação na infância e adolescência. Sabe-se atualmente que a atividade física, quando realizada adequadamente, de forma compatível com as necessidades fisiológicas exigidas por cada estágio do desenvolvimento e crescimento físico da criança é extremamente importante.
Porém, as crianças muitas vezes são submetidas a estresses precoces, participando de competições, tendo o resultado como objetivo primordial. Nessa situação elas podem ultrapassar os limites físicos determinados pela idade.

No caso da musculação, logo vem a tona o preconceito, pois a maioria das pessoas, mal informadas, acreditam que a criança que se submete a um treinamento com pesos pode estar comprometendo seu desenvolvimento. Por outro lado, não sabem que muitas outras modalidades, principalmente as competitivas praticadas inadequadamente, podem ser mais lesivas mesmo sem estarem envolvidas com pesos ou aparelhos. Essas modalidades, especialmente as de contato físico, exigem movimentos muito velozes que ocorrem a partir de contrações musculares muito rápidas e muito potentes. A maturação muscular atende à maturação óssea na criança. Assim, não é difícil ocorrerem acidentes graves, como o arrancamento de tendões junto à insersão óssea, fraturas ósseas, resultantes de contrações musculares muito potentes, e desequilíbrios posturais, decorrentes da utilização excessiva e desproporcional de um determinado grupo muscular ou seguimento corporal.

Os exercícios com resistências, cujos pesos são adequados às possibilidades do organismo, influem favoravelmente na constituição física e melhoram a capacidade dos órgãos e sistemas do organismo jovem. Podem beneficiar no aumento da força e resistência muscular, na diminuição de lesões e no aumento da capacidade de desempenho nos esportes e atividades recreativas. Pesquisadores demonstraram que não existe comprometimento no crescimento ou na saúde física como conseqüência da musculação desde que o programa de treino seja apropriadamente planejado e supervisionado, associando-se ao ensino correto das técnicas de exercícios.

Um erro bastante sério seria, no treinamento de força, a utilização de cargas máximas ou próximas da máxima. Os excessos, perto dos limites, podem causar danos principalmente à cartilagem de crescimento, que é uma das maiores preocupações relacionada a modalidade.
Os ossos longos do corpo crescem em comprimento a partir das placas epifisárias localizadas em suas extremidades. Normalmente, devido às mudanças hormonais, estas placas se solidificam após a puberdade. Uma vez solidificada, o crescimento dos ossos são interrompidos. Por isso, um aumento na altura do indivíduo não é mais possível. A cartilagem de crescimento é mais suscetível à lesão durante o estirão de crescimento da adolescência, justamente no momento em que os interesses e ansiedades voltados para melhora física são maiores, típico da idade. Assim, faz-se necessário um maior controle e supervisão do trabalho.

A utilização de cargas excessivas com um baixo número de repetições, ou seja alta intensidade, não devem ser enfatizados, especialmente em pré-púberes, sob pena de bloqueio antecipado do crescimento.
Num programa de treinamento seria importante respeitar a capacidade da criança em tolerar o stress do exercício, não superenfatizando-o. O trabalho não deve consumir tanto tempo a ponto de ignorar outros aspectos de condicionamento como o cardiovascular, a flexibilidade e as habilidades motoras, interferindo assim, com o seu tempo de brincar e diminuindo o prazer da participação. Não se deve esperar que uma criança desempenhe o programa de um adulto. Iniciar moderadamente respeitando o amadurecimento físico e emocional torna-se de fundamental importância. Talvez, a grande dificuldade desta atividade seja a questão psicológica e emocional, pois nesta faixa etária, por volta dos 7 aos 14 anos, os interesses e necessidades não condizem com sessões em salas de treinamento com aparelhos e pesos, exigindo demais em concentração e alto motivação.

Outro aspecto que merece enfase é a diferença maturacional numa mesma faixa etária. Tem-se conhecimento de que nem sempre a idade cronológica corresponde com a idade fisiológica, em uma mesma criança. Por essa razão, em uma mesma faixa etária, encontra-se uma variação maturacional, levando a mais uma atenção na diferenciação da aplicação do treinamento.

Por fim, o treinamento de musculação infantil deve ser parte de um conjunto de atividades que visem o aumento do manancial das habilidades motoras e não uma especialização prematura, reduzindo do indivíduo as diversas possibilidades de vivências corporais que serão a base para os anseios futuros.








Veja todos os artigos
Treinamento feminino: erros comuns
Atividade física e circulação: respiração correta durante os exercícios e prevenção de varizes
Princípios de RPG para alongamentos na corrida
Musculação e lesões
Esteróides anabolizantes
Musculação na melhor idade
Musculação e diabetes
R P G no Esporte
Musculação com SWISS BALL
Musculação e aptidão cardiovascular
Ordem de disposição dos exercícios
Carga ideal para os exercícios
Ajustando o número de repetições
Quanto devo treinar?
Sistema superlento
Respiração e musculação
Treinamento em fase intermediária
Musculação na infância e adolescência
Ingestão de proteína
Musculação para iniciantes
Musculação e idosos
O que é DHEA?
Adaptação das massas musculares
Musculação e a mulher

Encontre os melhores preços de medicamentos e leia bulas