Colunistas

Dra. Erica Monteiro
Dermatologista - CRM 87350-SP
Artigos | Currículo   

Como proteger as crianças do sol?

FOTOPROTEÇÃO DA PELE INFANTIL

A pele da criança é estruturalmente semelhante à do adulto, embora seja mais delgada e mais susceptível às agressões externas, como frio intenso, vento, baixa umidade do ar, radiação solar, dentre outros agentes.

A queimadura solar ocorre mais facilmente na criança que no adolescente ou no adulto e um dos motivos é a epiderme (camada superficial da pele) mais fina e também menos melanizada (ou seja, com menos melanina. A melanina é um pigmento de cor escura – castanho ou negro- que dá cor à pele). Assim, admite-se que as alterações causadas pelo sol - que iniciarem com exposições prolongadas desde a infância - sejam mais danosas.

Como na pele do adulto, após uma exposição solar, a pele da criança reage com vermelhidão imediata, em cerca de 2 a 4 horas. Posteriormente, entre 24 e 72 horas, verifica-se aumento da síntese de melanina, que origina o bronzeamento.

São estes os fatores (vermelhidão e bronzeamento) em que se apoia a classificação da pele em 6 fototipos, segundo o critério de Fitzpatrick, simplificado no quadro 1.



Quadro 1 – Classificação simplificada de Fitzpatrick correlacionando a cor da pele e a sensibilidade à queimadura solar


Considerando o quadro 1, depreende-se que as crianças com fototipos baixos (especialmente as crianças muito brancas, com olhos claros e cabelos loiros ou ruivos) necessitam de maior cuidado com a exposição solar. Mas não se deve negligenciar a proteção das crianças morenas, pois os efeitos acumulativos do sol podem aparecer no futuro.

Além das características da pele, devem-se considerar as condições de exposição solar na praia, que determinam variações muito consideráveis na quantidade de radiação recebida. Um fator importante é a latitude em que nos encontramos, ou seja, quanto mais próximos da linha do equador (clima equatorial), maior deve ser o cuidado de proteção. Nas viagens turísticas, verificam-se por vezes queimaduras solares inesperadas, por não se considerar a diferença da intensidade de radiação solar condicionada pela mudança de latitude. Mesmo viagens para lugares frios nas montanhas são perigosas quanto ao risco de queimaduras solares, pois a proximidade da Terra ao Sol é maior nas altas altitudes ( tem-se menos camadas filtrantes da atmosfera). Assim, latitude, estações do ano e hora do dia são determinantes quanto à quantidade e qualidade da radiação ultravioleta que nos atinge.

Os cuidados com a proteção solar não devem ser esquecidos durante os dias nublados. Frequentemente dão ilusória sensação de segurança, no entanto, embora ocorra “filtração” parcial da radiação, a que nos atinge é suficiente para provocar a queimadura solar.

Diante da necessidade de padronizar a capacidade filtrante dos diversos fotoprotetores, criou-se o conceito de fator de proteção, importante sobretudo para auxiliar o consumidor no momento da compra de um filtro solar, se – no momento da exposição- ele não puder consultar seu médico dermatologista.

Obtém-se o fator de proteção solar a partir da relação entre o tempo de exposição necessário para ocorrência de vermelhidão, no mesmo indivíduo, em duas áreas da sua pele: uma, protegida pelo produto fotoprotetor que se pretende avaliar, outra, de pele não protegida.

Em termos práticos, se a um determinado fotoprotetor está atribuído o fator de proteção 30 (FPS 30), após a sua aplicação, significa que se necessitam de 30 vezes mais tempo de exposição para observar-se efeito idêntico ao produzido na pele não protegida.

O consumidor deve procurar por produtos com ampla capacidade de proteção, principalmente para radiação ultravioleta A e B e, se possível, com proteção contra luz visível.
Classificam-se os filtros solares em físicos e químicos. Os filtros físicos atuam por reflexão da radiação solar. São bem tolerados na pele, mas tem o inconveniente de ser opacos, deixando a superfície branca. São muito seguros e, por isso, muito receitados para pessoas com pele sensível, muito claras, e/ou em situações médicas de fotossensibilidade (como lúpus eritematoso, fotodermatoses) e também nos filtros das crianças.


EDUCAÇÃO DOS PAIS
O esclarecimento dos pais ou acompanhantes das crianças é fundamental. Importa corrigir mitos, por exemplo a ideia da imprescindibilidade da praia como necessária para o desenvolvimento infantil e indispensável para prevenir o raquitismo.
Devem ser instruídos sobre as horas críticas em que a exposição solar é mais prejudicial – na nossa latitude entre as 10h e as 16 h, e informados que, tão importante quanto o uso dos filtros solares, a pele deve estar coberta tanto quanto possível com peças de vestuário de tecido leve e largo, mas de textura densa, sem esquecer o chapéu e o óculos de sol. Quadro 2.


Quadro 2 - se for à praia, piscina, parques ensolarados ou montanhas com crianças, siga as recomendações:
1. Crianças com menos de 1 ano não devem ser expostas ao sol por longos períodos.
2. A permanência ao sol, particularmente na praia, deve restrita e controlada pelo relógio – pela manhã até 10 horas, e à tarde depois das 16 horas.
3. Crianças com pele mais branca, olhos e cabelos claros, que se queimam com facilidade e raramente bronzeiam, devem ser alvo de particular cuidado quanto a exposição ao sol.
4. Na proteção contra o sol, é importante cobrir a pele com vestuário adequado, além de chapéu, boné ou viseira.
5. Os fotoprotetores são um excelente complemento para proteção – aplicados em todo o corpo da criança, sobretudo nas áreas mais expostas, com fator de proteção acima de 30, de preferência os que contêm filtros físicos e que sejam resistentes à água.




Referencias:

1- Rodrigo FG, Rodrigo MJ. (2011). O sol, a praia e a pele das crianças. Conceitos essenciais. Acta pediátrica portuguesa, 42(2), 71-7.
2- Monteiro EO, Schalka S, Cassal C, Steiner D, Jerez, T, Oliveira Filho J e cols. Estudo clínico para avaliação do filtro solar Filtrum FPS 50 Alta Proteção: avaliação cosmética; Clinical study of sunscreen SPF 50 Filtrum Alta Proteção: cosmetics assessment. RBM rev. bras. med, 70(esp, 2).
3- Monteiro EO, Baumann LS. (2008). A ciência do cosmecêutico: cosmético ou droga?. Revista Brasileira de Medicina, 65, 22-25.
4- Monteiro EO. (2010). Filtros solares e fotoproteção; Sunscreens and skin. RBM rev. bras. med, 67(esp. 6).










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