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André Massaro
Saúde Financeira
Artigos | Currículo   

A gratidão como ferramenta de controle financeiro

25/06/2014


O mundo das ciências sociais é fascinante, especialmente quando traz à luz da ciência aquelas coisas quotidianas que fazemos no “piloto automático”, mas nunca paramos para elaborar. E quando surge alguma pesquisa demonstrando um determinado comportamento, nos damos conta de que já sabíamos daquilo intuitivamente, apesar de muitas vezes sequer termos pensado no assunto.

A “gratidão” tem sido uma coisa recorrente nos círculos de desenvolvimento pessoal nesses últimos anos, graças, em grande parte, a um renovado interesse pelo estoicismo, uma escola filosófica com origens na Grécia antiga, que vem sendo resgatada por pessoas que buscam formas de viver bem em sociedades cada vez mais complexas (sem serem engolidas por elas).

Como uma forma de reação à sociedade de consumo, muitas pessoas estão voltando-se para um estilo de vida frugal e minimalista. Inclusive, no universo das finanças pessoais e da educação financeira (do qual faço parte), isso vem sendo fortemente incentivado por alguns especialistas. Parar de querer sempre mais e tentar ser mais feliz com aquilo que temos tem se revelado um caminho para preservar as finanças (e também a sanidade).
Ser grato por aquilo que temos nos deixa mais felizes e, ao ficarmos mais felizes, os impulsos consumistas (alimentados pela angústia) perdem força. Parece óbvio e intuitivo... E é. Mas é papel das ciências sociais estudar e entender o óbvio (é mais difícil do que parece).

Em março deste ano, foi publicado no jornal científico Psychological Science um estudo chamado Gratitude - A Tool for Reducing Economic Impatience (Gratidão, uma ferramenta para reduzir a impaciência econômica). O estudo foi conduzido por uma equipe liderada por David DeSteno, do Departamento de Psicologia da Northeastern University (Boston).

A pesquisa foi baseada num dilema clássico do mundo das finanças: pegar uma determinada quantia agora ou uma quantia significativamente maior daqui a 30 dias (uma variação do clássico “teste do Marshmallow” da Universidade de Stanford no início dos anos 70). A diferença é que as pessoas foram colocadas em três diferentes estados emocionais antes de tomar a decisão: “gratidão”, “alegria” e “neutro”. O estudo revelou que pessoas em estado de gratidão se mostravam muito mais propensas a postergar a gratificação, obtendo um ganho maior (e sabemos, por conta do já mencionado “teste do Marshmallow”, que a capacidade de postergar gratificações está fortemente correlacionada com o sucesso geral do indivíduo na vida).

Mas o que a pesquisa parece indicar é que o estado de gratidão, entre outros benefícios, nos ajuda a colocar o tempo em perspectiva (afinal, temos enorme dificuldade em atribuir pesos corretos ao curto e ao longo prazo). Desta forma, podemos tomar decisões financeiras melhores e não antecipar gastos que poderiam esperar ou, melhor ainda, que nem precisariam acontecer (por não estarmos sob influência de uma fúria consumista e imediatista).
Para quem acha que controle e planejamento financeiro são feitos apenas com planilhas e calculadoras, é importante saber que coisas aparentemente triviais, como a gratidão, também fazem parte do arsenal de ferramentas que ajudam a construir riqueza.









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