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Dr. Claudio Lottenberg - CRM 49892
Oftalmologia e saúde
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A córnea: novas oportunidades

A córnea é uma estrutura em forma de lente que trabalha no olho com poder refrativo, isto é, tem papel importante na formação das imagens. Nela são realizadas a maioria das cirurgias que visam corrigir os erros refracionais, isto é, miopia, hipermetropia e astigmatismo.



Sua relevância chama cada vez mais a atenção da comunidade cientifica e quase todos conhecem a importância dos transplantes de córnea nas reabilitações visuais. Entretanto, frente ao avançar do conhecimento, novos incrementos tecnológicos vêm permitindo que possamos diagnosticar doenças corneanas cada vez mais precocemente e atuar com maior segurança no atendimento de nossos pacientes.

A partir disto, na maioria dos casos é valida uma melhor avaliação da análise topográfica da córnea que é um verdadeiro mapeamento dos detalhes desta estrutura, feita de maneira habitual na pratica assistencial oftalmológica. Este exame, juntamente com outras informações, inclui ou exclui candidatos a cirurgia refrativa e permite que conversemos acerca de uma doença chamada ceratocone por ele detectado, e uma inovação sobre a qual desejo, com vocês, conversar hoje.

A córnea é uma estrutura formada por cinco camadas, a fragilidade estrutural de uma delas pode evoluir para um quadro de astigmatismo progressivo com evoluções permanentes de alta proporção, que podem até culminar em um transplante de córnea. O exame topográfico permite acompanhar a evolução deste quadro.

O fato é que com o envelhecimento, com as cirurgias refrativas e suas conseqüências, este enfraquecimento cada vez mais se fará presente e, consequentemente, nós médicos, cada vez mais nos preocupamos e estudamos este assunto. Durante minha estada na Academia Americana de Oftalmologia uma das coisas que mais conversamos foi sobre o uso da tecnologia de “cross-link” como elemento terapêutico e ou regulador do ceratocone. Neste procedimento a córnea passa por um processo de retirada do epitélio (sua camada superficial que depois se refaz), recebe uma aplicação de uma substância de riboflavina que atuando em âmbito molecular é irradiada por cerca de uma hora, fortalecendo a estrutura corneana.

Certamente, tudo que escrevi deve parecer aos olhos de um leigo, muito técnico. Mas de fato o importante é a pergunta que formulo a seguir: Isto resolve o ceratocone? Parece que não resolve, mas o fato é que isto impede a progressão e faz com que ocorra uma estabilidade que nos traz novas oportunidades terapêuticas. Em outras palavras o cross-link “segura” a progressão do ceratocone e culmina com uma oportunidade para medidas menos agressivas que num extremo poderiam incorrer em um transplante de córnea.

Considero isto um avanço de muito significado. Não se aplica somente aos casos de ceratocone, mas também aos pacientes que foram operados de miopia, astigmatismo e hipermetropia e que desenvolveram ectasisas corneanas, isto é, afinamentos progressivos.

A demanda por esta técnica aumentará muito, uma vez disseminada a informação, posto que a prevalência do ceratocone é alta na população. Ganha o paciente, que passa a ter uma alternativa clinica que não existia no passado. Ganha o medico, que tem agora o que oferecer, e não simplesmente acompanhar. Ganha o sistema de saúde que necessitará possivelmente de menos córneas para transplante e com um ônus muito menor na perspectiva da sustentabilidade.


Dr. Claudio Lottenberg - Oftalmologista - CRM 49892








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