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Dr. Mauricio Kurc - CRM 59335
Otorrinolaringologia
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A modernidade e as doenças alérgicas

As doenças alérgicas são doenças imunológicas geradas por respostas imunológicas aberrantes a alergenos presentes no ambiente em pessoas geneticamente predispostas. As doenças alérgicas incluem a dermatite alérgica, a asma e a rinite alérgica e junto com suas conseqüências que são as sinusites e as otites, constituem grande parte do atendimento de otorrinolaringologistas, pediatras, pneumologistas e alergistas.

Estudos recentes vêm demonstrando que a prevalência da doença alérgica vem aumentando nas últimas décadas, principalmente nos países mais desenvolvidos e ocidentalizados.
Apesar da predisposição genética ser importante no surgimento dessa doença, o padrão genético dessas populações não mudou. O que mudou são fatores ambientais, incluindo o padrão de exposição aos alergenos, à poluição e aos agente infecciosos.

Um exemplo significativo ocorreu na Alemanha. Antes da reunificação das duas Alemanhas antes de 1990, a indecência de alergias era menor na Alemanha Oriental do que na Alemanha Ocidental, apesar de ambas terem o mesmo antepassado genético. Após a reunificação e com a adoção de um padrão de vida mias ocidentalizado na Alemanha Oriental, a incidência da doença alérgica aumentou.

Surpreendentemente a principal explicação para esse aumento das doenças alérgicas nos países desenvolvidos é a Teoria da Higiene, proposta em 1989. Essa teoria sugere que um ambiente mais higiênico e menos infecções na infância que vem acontecendo nos países desenvolvidos podem ser responsáveis para o aumento nas doenças alérgicas visto nas últimas décadas. Crianças com menor exposição a doenças infecciosas apresentam uma maior incidência de doenças alérgicas.
Por outro lado crianças mais expostas a agentes infecciosos e as que freqüentam creches ou que tenham mais irmãos ou irmãs em casa, têm menos doenças alérgicas. Algumas doenças específicas parecem ter um papel fundamental nesta proteção. Crianças que tiveram contato e têm sorologia positiva para herpes simples, hepatite A e toxoplasmose têm menos rinite alérgica e asma.

Exposição à algumas bactérias nos primeiros anos de vida também parece ter um papel protetor. Neste sentido crianças que têm contato com mais de dois animais de estimação (cachorros ou gatos) durante o primeiro ano de vida parece que também têm menos sensibilização aos alergenos. Entretanto as evidências que sugerem esta proteção ainda são preliminares e não estão ainda bem definidas. Portanto, advogar o uso de animais de estimação para as doenças alérgicas não seria prudente neste momento.

Existe uma crescente preocupação entre os pais de que as vacinas para as doenças infecciosas poderiam ter efeitos adversos em seus filhos, dentre os quais o aumento da incidência das doenças alérgicas. Entretanto, essas preocupações não têm embasamento científico e não devem ser encorajadas. Comitês e revisões de literatura médica não encontraram suporte algum para uma relação causal entre imunização e alergia. A importância e os benefícios da vacinação estão bem estabelecidos e deve sempre ser aconselhada.

A Teoria da Higiene ainda não está bem compreendida e caracterizada, mas nos alerta para os riscos de uma preocupação exagerada com a limpeza e proteção. O excesso de modernidade parece que mais uma vez pode trazer conseqüências indesejáveis à nossa saúde.


Dr. Mauricio Kurc - Otorrinolaringologista - CRM 59335








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