Colunistas

Dr. Mauricio Kurc - CRM 59335
Otorrinolaringologia
Artigos | Currículo   

Câncer de laringe, o alerta veio pelo nosso ex-presidente!

Apesar de não ser um doença rara, o câncer de laringe não tem recebido tanta atenção quanto outros tipos de câncer. Com a notícia de que o nosso ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, foi diagnosticado com essa doença, muito tem se falado sobre a laringe e o câncer da laringe.

É importante esclarecer que o câncer de laringe é uma doença prevenível, uma vez que os principais fatores de risco são comportamentos que podem ser modificados. Por exemplo, nos EUA, é o câncer com o menor crescimento de casos novos, provavelmente pela diminuição no hábito de fumar da população americana. No nosso meio, entretanto, a cidade de São Paulo tem um título nada agradável: é a campeã mundial na incidência de câncer de laringe.

Além de ser prevenível, é uma doença tratável, principalmente se diagnosticada precocemente. Por outro lado, mesmo os sobreviventes dessa doença, podem ficar com sequelas severas quanto à voz, à respiração ou à deglutição.

A laringe fica no pescoço e contém as cordas vocais e a epiglote. É dividida em três regiões anatômicas: a supraglote, a glote (que contém as cordas vocais) e a subglote.



Fatores de risco associados ao câncer da laringe

O câncer da laringe não se desenvolve de uma hora para outra. Se forem feitos exames rotineiros, é possível detectá-lo precocemente. É resultado de um processo de agressão contínua, por exposição a certos carcinógenos (substâncias que causam câncer).

O principal carcinógeno é o tabaco de cigarros, charutos, cigarrilhas e cachimbos de mesa (Narguilé). Em segundo lugar vem o álcool e a seguir as infecções virais, como o human papilloma vírus (HPV) e o refluxo gastresofágico.

A vasta maioria dos cânceres de laringe é um tipo de câncer chamado de carcinoma de células escamosas. Noventa por cento dos indivíduos com esse tipo de câncer são fumantes. O tabaco causa mutações genéticas, atrapalha o funcionamento da mucosa respiratória, prejudicando a limpeza dos carcinógenos e ainda diminui a imunidade do organismo.

A duração da exposição ao tabaco não é tão importante quanto intensidade do seu uso. Dependendo do número de maços que se fuma por ano, os fumantes têm risco 5 a 35 vezes maior de desenvolver o câncer de laringe do que os não fumantes. Após 20 anos sem fumar, o risco é igual ao dos que nunca fumaram.

O álcool, além de ser um importante fator de risco, surpreendentemente, tem um efeito multiplicativo dos efeitos do tabaco. Indivíduos que fumam e bebem, tem um risco que é maior que a soma dos riscos individualmente.

Uma dose de bebida alcoólica ao dia, segundo a American Cancer Society, é considerado o máximo que uma pessoa pode beber sem correr riscos. Inclusive, uma dose de vinho tinto ao dia é até recomendável, pois aumenta o chamado colesterol bom no sangue, tendo um efeito protetor contra a arterioesclerose. O problema é que poucas pessoas obedecem essa regra, e quantidades maiores que 1 dose ao dia, têm efeitos contrários, além de causarem problemas como a dependência (alcoolismo), gastrite, pancreatite e hipertensão, entre outros. Um alerta é o significado de “uma dose”, que por definição são apenas 60 a 80 ml de vinho. O volume seguro de bebidas com maior concentração de álcool é menor ainda. Um colega cardiologista me confidenciou que um paciente seu disse beber apenas 1 copo de vinho por refeição. Ao mostrar-lhe o copo, esse era maior que uma garrafa! História verídica!

A vitamina A e o beta-caroteno podem ter um papel protetor, mas esse dado não é totalmente comprovado. Nada de se automedicar!

Sintomas do câncer de laringe

Os sintomas da laringe estão diretamente relacionados às funções desse órgão. Primitivamente a laringe tinha a função apenas de proteção das vias aéreas inferiores, permitindo a passagem do ar para o pulmão e prevenindo a aspiração dos alimentos.

Nos seres humanos, a laringe evoluiu para um órgão altamente complexo e especializado não somente para a proteção das vias aéreas e controle da respiração, mas também para a produção de sons e da voz, responsável por uma das mais essenciais características humanas, a comunicação.

Dessa forma os sintomas incluem alterações da voz como rouquidão, dificuldade para a deglutição. Em estágios mais avançados as lesões cancerosas da laringe podem causar dificuldade para a respiração, dor de garganta persistente, dor no ouvido ou sensação de bolo no pescoço.

Especialmente pessoas com fatores de risco, mas não somente essas, devem ser examinados por um otorrinolaringologista ou cirurgião de cabeça e pescoço caso apresentem qualquer um desses sintomas.

Tratamento

As opções de tratamento incluem a cirurgia, a radioterapia, a quimioterapia ou a combinação desses tratamentos. Mas devemos lembrar, com mencionado acima, que essa é uma doença prevenível na maioria das vezes, uma vez que os fatores de risco são comportamentos que podem ser modificados. Não fume e não abuse das bebidas alcoólicas!



Dr. Mauricio Kurc - Otorrinolaringologista - CRM 59335










Veja todos os artigos
Cuide bem da sua Voz!
Gripe e Vacinação
Câncer de laringe, o alerta veio pelo nosso ex-presidente!
O que é implante coclear?
Cera de ouvido
O tabagismo passivo
Septo Nasal: problema de muitos
Vida moderna, novas doenças
Inverno, época da gripe
Verão
A modernidade e as doenças alérgicas
Ronco e apnéia

Encontre os melhores preços de medicamentos e leia bulas