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26/11/2010
Câncer de colo de útero é o que mais mata no Brasil

O câncer de colo de útero é o mais letal entre as mulheres brasileiras na faixa etária de 15 a 44 anos. Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2009. Cerca de 70% dos casos de câncer de colo do útero são causados pelos tipos 16 e 18 do papilomavírus humano (HPV), que é a principal doença viral transmitida pelo sexo – atinge mais de 630 milhões de pessoas no mundo.

Todos os anos, ao redor do planeta, 500 mil mulheres são diagnosticadas com câncer de colo do útero e cerca de 250 mil morrem vítimas da doença. Estima-se que os tipos 16 e 18 do vírus causem também de 40% a 50% dos cânceres vulvares e 70% dos cânceres vaginais, bem como 85% dos casos de câncer anal. E os homens não estão isentos desse risco. A infecção pelo HPV está relacionada a cerca de 40% do câncer de pênis e de 30 a 40% do câncer anal em homens. Para se ter uma ideia, oito em cada dez indivíduos sexualmente ativos entrarão em contato com o vírus no decorrer de suas vidas.

“É importante lembrar que o HPV pode permanecer no organismo sem qualquer sintoma por meses e até anos. Os tumores malignos, por exemplo, podem demorar de 10 a 20 anos para se desenvolver. A probabilidade de contágio do HPV é alta, varia de 50% a 80%, e o vírus pode ser transmitido mesmo que esteja latente (sem manifestação visível). A maioria dos tipos de HPV não causa nenhum tipo de sintoma e desaparece espontaneamente sem tratamento, o que significa que muitas pessoas não sabem que são portadoras. No entanto, se houver muitas ocasiões de contato, além de fatores de risco, como falha no sistema imune, por exemplo, as lesões podem instalar-se” explica a pesquisadora do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer, Luisa Lina Villa.

Ao longo da vida, mulheres e homens de todas as idades ficam continuamente expostos ao risco de contrair infecções e doenças relacionadas ao HPV. O perigo está no fato de que o papilomavírus humano leva de dois a oito meses após o contágio para se manifestar, mas podem passar diversos anos antes do diagnóstico de uma lesão e é impossível determinar exatamente quando um indivíduo foi infectado.

Acima de 25 anos, observa-se avanço da infecção pelo HPV, além de aumentarem as chances de contrair infecção persistente pelos vários tipos do vírus. “O tratamento das lesões precursoras de câncer é invasivo, podendo interferir na fertilidade da mulher e, no caso do câncer de colo do útero, pode levá-la à morte”, ressalta a Dra. Luisa, uma das maiores especialistas em HPV do mundo.

Estudos sugerem que os anticorpos gerados durante a infecção natural podem não fornecer proteção completa com o passar do tempo e que a resposta imune à vacina previne a reinfecção ou reativação da doença pelos tipos de HPV 6, 11, 16 e 18.

Prevenção

O uso de preservativo diminui a possibilidade de transmissão do HPV na relação sexual, mas não evita totalmente o contágio, que é feito pelo contato da pele. Exames de rotina feitos por ginecologistas e urologistas e atenção redobrada ao surgimento de verrugas e coceiras nos órgãos genitais podem ajudar a acelerar o processo de diagnóstico de doenças relacionadas.

“O HPV extrapola o controle tradicional das DSTs, pois pode propagar-se por meio de contato com mão, pele, roupa e objetos, embora seja menos provável. Por isso não é uma tarefa simples orientar a população sobre o HPV. A educação por si só não é totalmente eficaz. Nesse cenário, é extremamente importante levar em consideração outros meios de prevenção”, reforça a especialista.

A abordagem combinada de vacinação e exames regulares de Papanicolaou é a melhor maneira de garantir, por exemplo, que o câncer cervical possa ser controlado. O Papanicolaou constitui uma forma de prevenção secundária de câncer do colo do útero, pois não evita seu aparecimento, apenas detecta lesões pré câncer. Por outro lado, a vacina é uma forma de prevenção primária, pois evita o aparecimento do câncer do colo do útero. O impacto da vacinação em termos de saúde coletiva se dá pela vacinação de um grande número de mulheres em todo o mundo, com a ‘imunidade de grupo’, ou seja, diminui a transmissão entre as pessoas. O papilomavírus humano também causa lesões mutilantes das genitálias feminina e masculina. Os tipos 6 e 11 de HPV causam 90% das verrugas genitais e cerca de 10% das lesões iniciais do colo do útero.

A vacina quadrivalente contra o HPV é a única que protege contra o câncer de colo de útero, vagina, vulva, causados pelos tipos 16 e 18 do papilomavírus humano e as verrugas genitais, que são provocadas pelo HPV tipos 6 e 11. Uma proporção significativa das lesões pré-cancerosas são causadas pelos tipos 6,11,16 e 18.

Recentemente, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) ampliou a indicação da vacina quadrivalente HPV para mulheres a partir dos nove anos de idade, em todas as faixas etárias, ao longo da vida. No Brasil, a vacina quadrivalente é indicada para meninas e mulheres de 9 anos a 26 anos. Estudos têm mostrado alta eficácia da vacina em mulheres de até 45 anos e homens até 26 anos. A ampliação da indicação da vacina para mulheres adultas e homens está sendo avaliada pela ANVISA.

Sete países já aprovaram a indicação da vacina quadrivalente contra o HPV para mulheres de 27 a 45 anos: Austrália, Equador, Índia, Turquia, Macau, Filipinas e México. Nos Estados Unidos, a quadrivalente é aprovada para a prevenção de verrugas genitais em meninos e homens de 9 a 26 anos pela Food and Drug Administration (FDA), agência americana responsável pela regulamentação de medicamentos e de alimentos. Outros três países também aprovam a utilização da vacina em homens: Equador, Canadá e Filipinas. Levando-se em conta todas as indicações, a vacina é aprovada para o uso em 120 países em todos os continentes. Há cerca de um ano, o FDA (Órgão Regulatório Americano) também aprovou a vacina quadrivalente em meninos e homens, de 9 a 26 anos de idade, pra prevenção de verrugas genitais causadas pelo HPV.

Veja mais sobre o assunto em nossa coluna de Saúde Feminina com Prof. Dr. Mauricio Simões Abrão





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