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11/06/2010
Refluxo gastro-esofágico

Quem tem doença do refluxo, nem sempre trata da maneira mais adequada, muitas vezes se automedica e acaba por disfarçar problemas mais sérios. De acordo com o Dr. Vladimir Schraibman (CRM-SP 97304), gastroenterologista e cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, é fundamental combater a doença logo em seu estágio inicial para evitar complicações, como um câncer de estômago, por exemplo. Ele acaba de voltar do Congresso World Robotic Symposium, em Orlando, Estados Unidos, onde deu uma aula sobre os benefícios da cirurgia robótica em casos refluxo acentuado.

O refluxo é um termo usado para descrever uma doença chamada de refluxo gastro-esofágico (DRGE), que é o retorno dos alimentos e líquidos ácidos do estômago para o esôfago. Trata-se de um dos problemas mais comuns na sociedade. Causada pela exposição crônica da mucosa do esôfago ao conteúdo ácido do estômago, o refluxo leva o paciente a quadros de queimação, azia, inflamação do esôfago até lesões mais graves.

A mais comum é a esofagite, uma inflamação do esôfago. Quando o refluxo não é tratado, ocorrem úlceras e esôfago de Barrett, uma transformação do tecido que reveste o órgão, e já é uma situação prémaligna e pode, sem o tratamento adequado, progredir para o câncer.

Ao lado da alimentação, uma das grandes causas da doença é o excesso de peso porque acarreta em um enfraquecimento da válvula que impede o refluxo. Mas além da obesidade, outros eventos que aumentam a pressão intra-abdominal podem causar esse distúrbio, como a gravidez, ascite (acúmulo de líquido dentro do abdômen, conhecido por barriga d’água), pessoas muito obstipadas e que têm de fazer muita força para evacuar; hérnia de hiato e alterações motoras do esôfago ou do esfíncter gastresofágico.

Atualmente, 12% da população brasileira sofrem de DRGE, o que corresponde a aproximadamente 4,5 milhões de brasileiros. As que mais sofrem são as mulheres, porém não se observam diferenças de perfil quanto à classe social, idade e nível de instrução entre os quem têm propensão e a população em geral.

Segundo o Dr. Schraibman, na maioria dos pacientes, o refluxo ocorre de forma espontânea pelo relaxamento transitório do Esfíncter Esofágico Inferior. A lesão da mucosa esofágica está relacionada com a qualidade, a quantidade e freqüência do refluxo. Um fluido ácido gástrico com pH menor do que 3,9 é extremamente cáustico para a mucosa esofágica, sendo o principal agente lesivo na maioria dos casos. Em alguns pacientes, os refluxos de secreções biliares e pancreáticas podem contribuir na lesão.

Principais sintomas e prevenção

O refluxo gástrico-esofágico começa com aquela sensação de queimação na “boca” do estômago atrás do osso do peito. Já as pessoas com estenose - um estreitamento do esôfago - podem sentir muita dificuldade para engolir líquidos e todos os tipos de alimentos. São vários os sintomas associados ao refluxo: tosse, pigarro, falta de ar e engasgos noturnos.

Outro sintoma apontado pelo especialista é a azia. “Ela é reflexo da irritação da mucosa do esôfago, devido ao aumento da salivação para tentar aliviar a queimação produzida pelo refluxo, como se fosse um antiácido natural”, explica Dr. Schraibman. Para prevenir o refluxo e, conseqüentemente, a azia, são necessárias, na maioria das vezes, apenas algumas mudanças nos hábitos de vida. “Investir em uma alimentação equilibrada e fracionada a cada três horas e não ingerir grandes quantidades de uma só vez é uma boa dica. Além disso, deve-se evitar o uso de roupas apertadas, que aumentam a pressão no abdômen. Também indico a elevação da cabeceira da cama pelo menos 15 centímetros”.

Também é preciso evitar alimentos ricos em xantina, como o café, o chá-mate e o chocolate, e algumas medicações para asma com esse composto. Além disso, há necessidade de moderar o consumo de molho de tomate, catchup, mostarda, molho de soja, derivados de milho e, principalmente o cigarro, porque diminui a pressão no interior do esôfago e favorece a passagem de líquido do estômago para aquele órgão. “Pessoas que fumam muito apresentam vários sintomas da doença, que só diminuem quando elas abandonam o vício”.



Diagnóstico e Tratamentos

Só com o histórico clínico já é possível avaliar o caso. As complicações do refluxo são investigadas com uma endoscopia digestiva alta. Existem, também, outros exames, mas são seletivos, para saber o tamanho da hérnia de hiato, avaliar as pressões do esôfago e medir a qualidade e a intensidade das contrações do órgão.



O tratamento mais indicado é o chamado de dietético-postural. Segundo o Dr. Schraibman o melhor é evitar os alimentos que causam o incômodo; nunca comer e deitar – é preciso aguardar pelo menos três horas depois da refeição –, levantar a cabeceira da cama alguns centímetros; perda de peso; não se vestir com roupas apertadas e, de acordo com a prescrição médica, usar medicações que diminuem a produção de ácido pelo estômago e evitar bebidas alcoólicas e gasosas.

A correção do refluxo gastroesofágico por meio cirúrgico é feita normalmente por laparoscopia e indicada nos casos de complicação da doença, quando o paciente já tem úlceras ou esôfago de Barrett. Também é uma solução em situações em que o paciente tem o que os especialistas chamam de intratabilidade clínica. Isso acontece quando a pessoa segue o tratamento à risca, controlando a alimentação e tomando os remédios, e não melhora ou quando a doença volta assim que o paciente pára com a medicação.





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