05/06/2010
Rinite: como evitar as crises que vêm com o frio
Basta mudar a temperatura, especialmente do calor para o frio, e o coro de espirros se faz ouvir nos ônibus, metrôs e até na pessoa que trabalha ao lado. O rosto parece congestionado e o nariz, quando não pinga como uma cachoeira, coça ao ponto de ficar vermelho de tanta irritação. É a rinite, atacando mais um inverno. Cerca de 40% da população mundial sofre da doença, que se caracteriza por uma inflamação da mucosa que reveste o interior do nariz, provocada em 90% das vezes por alergia a fatores ambientais, como poeira e ácaros.
O médico Milton Orel, otorrinolaringologista do Hospital CEMA, especialista em alergia respiratória, explica que as crises são mais frequentes no frio porque as janelas ficam mais fechadas e as roupas de lã, com pelos, que estavam guardadas há muito tempo, vão direto do armário para o corpo, levando consigo milhares de ácaros. “O frio pede cuidados redobrados para evitar não só a rinite, mas todas as doenças respiratórias de fundo alérgico”, enfatiza.
Além do aumento da poeira e dos ácaros, o frio leva às crises de rinite também porque provoca uma mudança fisiológica: o organismo tende a aumentar a circulação de sangue no nariz, para aquecer o ar, e quem sofre de rinite responde a este aumento de temperatura com congestão nasal, coriza e coceira. “A pessoa saudável não percebe, mas para quem tem rinite, esse pouquinho que o nariz dilata internamente é suficiente para piorar a sensação de congestão nasal e acentuar ou iniciar uma crise”, explica o médico.
O diagnóstico passa por testes alérgicos, para identificar os agentes que causam a rinite, e é fundamental para determinar o tipo de tratamento que será adotado. Em geral, o paciente é submetido a imunoterapia, com vacinas específicas para o seu tipo de alergia, e medicamentos para melhorar a congestão nasal. Mas todo cuidado é pouco: se não for tratada adequadamente, a rinite pode evoluir para doenças mais sérias como a sinusite (inflamação dos seios da face), bronquite e asma. “A mucosa que envolve o pulmão é a mesma do nariz, assim os mesmos agentes que causam a rinite podem atingir o pulmão”, adverte Milton Orel.
O médico aconselha manter as janelas abertas, especialmente do quarto, mesmo no frio, para aumentar a circulação do ar no ambiente; abolir cortinas, tapetes e carpetes, trocar com maior frequência fronhas e lençóis, usar travesseiro e capa de colchão antiácaros (impermeáveis) e lavar peças de lã antes de usar. Ele recomenda ainda a prática da natação, preferencialmente no mar ou em piscinas de água com pouco cloro. É preciso cuidado, entretanto, para só nadar em praias não poluídas.
O uso exagerado de soro fisiológico adquirido em farmácia também merece um alerta do médico: “Algumas pessoas acabam viciadas neste medicamento e usam quase o dia inteiro. Mesmo sendo apenas soro fisiológico, é preciso muito cuidado, porque o uso descontrolado pode lesar a flora nasal”.
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