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29/01/2010
Quer engravidar?

Reprodução Humana x Estilo de Vida

O estilo de vida é cada vez mais reconhecido como um fator determinante nos tratamentos de reprodução assistida, não só no que diz respeito à relação custo-benefício, mas também no que se refere aos riscos relacionados com o bem-estar e o futuro da criança a ser gerada.

Um artigo publicado recentemente pela ESHRE - Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia - na revista Reprodução Humana, analisa o impacto do estilo de vida e aponta como fatores, tais como obesidade, tabagismo e o excesso de consumo de álcool podem afetar o processo reprodutivo dos casais, daqueles que concebem naturalmente e dos que contam com o apoio dos procedimentos de reprodução humana assistida.

O objetivo central dos autores de Lifestyle-related factors and access to medically assisted reproduction foi o de discutir se os tratamentos de fertilidade para casais obesos, tabagistas ou que abusam de álcool devem ser condicionados a mudanças prévias no estilo de vida dos pais. Sobre o assunto, a ESHRE se posicionou da seguinte maneira:

1) Em vista dos riscos para o futuro filho, os médicos não devem levar adiante tratamentos para fertilidade, quando se depararem com mulheres que costumam beber mais do que o usual e que não estão dispostas ou não são capazes de diminuir o consumo de álcool;

2) Os dados disponíveis na literatura médica sugerem que a perda de peso tem um efeito positivo sobre a saúde reprodutiva. Para tratar mulheres com obesidade grave ou mórbida é necessária estabelecer mudanças de estilo de vida, antes da concepção, ou seja, é preciso emagrecer antes de tentar engravidar;

3) O emprego das técnicas de reprodução assistida deve ser condicionado a mudanças no estilo de vida, se houver fortes indícios de que sem as modificações comportamentais haverá o risco de danos graves para a criança, ou, ainda, quando o tratamento tornar-se desproporcional em termos de custo-eficácia ou de riscos obstétricos;

4) Ao decidir fazer um tratamento de reprodução assistida condicionado às modificações de estilo de vida, os médicos responsáveis devem auxiliar seus pacientes a atingir os resultados necessários;

5) Mais dados sobre obesidade, tabagismo e consumo de álcool, bem como sobre outros fatores relacionados ao estilo de vida moderno são necessários para avaliar seus efeitos sobre o sistema reprodutivo. Os especialistas da área devem prosseguir na investigação deste tema.
A ESHRE reconheceu que o tema é muito delicado e envolve o acesso justo e eqüitativo aos tratamentos de reprodução humana. Para os pacientes, a questão é muito complexa, pois abrange aspectos de suas vidas pessoais, profissionais e sociais. Para a equipe médica, estes casos implicam em responsabilidades extras em relação à segurança da mãe e da criança. “Estes são casos onde o respeito à autonomia do paciente precisa estar em sintonia com os interesses da sociedade e com um futuro saudável para o filho a ser gerado”, observa o Prof° Dr. Joji Ueno, ginecologista, diretor da Clínica GERA.

Perigos da Obesidade

O peso acima do ideal interfere no ciclo hormonal da mulher e é um fator prejudicial à fertilidade. “Se uma mulher tem gordura corporal em excesso, seu corpo também produz uma maior quantidade de estrógeno e começa a reagir como se estivesse controlando a reprodução, limitando as chances de gravidez”, diz Ueno. Isso vale também para os homens. “O excesso de peso altera as taxas de dois hormônios importantes, reduz o nível de testosterona e aumenta o de estradiol, o que compromete a produção de esperma. Além da obesidade afetar o ciclo hormonal masculino, estudos apontam que aqueles que apresentam sobrepeso têm maior índice de fragmentação do DNA do espermatozóide, o que pode gerar falha na fertilização”, afirma o médico.Muitas mulheres enfrentam dificuldades para engravidar relacionadas aos problemas desencadeados pela obesidade, como o diabetes e a Síndrome dos Ovários Policísticos. A mulher que apresenta ovários policísticos produz uma quantidade maior de hormônios masculinos, os andrógenos. O principal problema que este desequilíbrio hormonal provoca está relacionado com a ovulação. “A testosterona produzida pela mulher interfere nesse mecanismo e, ao mesmo tempo, aumenta a possibilidade da incidência de cistos, que impedem a ovulação”, explica o médico Joji Ueno, que também dirige Instituto de Ensino e Pesquisa em Medicina Reprodutiva de São Paulo. A recomendação geral para uma paciente obesa que deseja engravidar é a de que ela precisa primeiro emagrecer. “Às vezes, somente com a perda de peso, as dificuldades para engravidar podem ser revertidas”, explica o Prof° Dr. Joji Ueno.

Perigos do Tabagismo

O tabagismo na mulher reduz globalmente a fertilidade, causando um atraso da primeira gestação. O atraso na concepção reflete-se numa gama de possíveis efeitos adversos, como interferência na gametogênese ou na fertilização, dificuldade de implantação do óvulo concebido ou perda subclínica da gestação, após a implantação. “Diversos estudos apontam que o tabagismo materno afeta mais a fertilidade do casal do que o tabagismo paterno, o que significa que o sistema reprodutivo feminino é mais vulnerável ao cigarro que o sistema masculino”, afirma explica o médico.O tabagismo masculino está associado à redução na qualidade do sêmen, incluindo concentração de espermatozóides, motilidade, morfologia e efeito potencial na função espermática, além das alterações nos níveis hormonais. “Costumamos recomendar àqueles indivíduos que apresentam sêmen de qualidade marginal e história de infertilidade, que deixem de fumar para que haja uma melhora da qualidade do sêmen com a interrupção do tabagismo”, diz Ueno.

Perigos do Álcool

A bebida pode causar sérios problemas ao feto. “A ingestão de álcool durante a gestação, eventualmente, provoca distúrbios fetais que vão do retardo de desenvolvimento à chamada síndrome alcoólica fetal. Não há nenhum estudo que assegure existir na gravidez uma quantidade segura para a ingestão de álcool pelas mães”, alerta o diretor da Clínica GERA.
Ao contrário do que se pensava antes, os efeitos nocivos do álcool não se fazem sentir apenas no primeiro trimestre da gestação, período crucial para o desenvolvimento embrionário. Um estudo norte-americano mostrou que o abuso de bebida durante o segundo trimestre está associado à dificuldade dos filhos para aprender a ler e a escrever. “A complicação mais grave, porém, é a síndrome alcoólica fetal, distúrbio que pode surgir em 50% das gestantes que ingeriram álcool. O diagnóstico é baseado nos seguintes critérios: redução do tamanho do feto (abaixo de 10% do esperado), alterações faciais típicas e distúrbios neurológicos”, detalha Joji Ueno.

Serviço:
www.clinicagera.com.br

http://medicinareprodutiva.wordpress.com





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