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17/10/2008
Menopausa: usar ou não terapia hormonal?

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e a Associação Brasileira do Climatério (SOBRAC), em parceria com outras sociedades médicas, se uniram para elaborar a 1ª Diretriz Brasileira sobre a Prevenção de Doenças Cardiovasculares em Mulheres Climatéricas e a Influência da Terapia de Reposição Hormonal (TRH), publicada recentemente na revista científica Arquivos Brasileiros de Cardiologia. A diretriz apresenta as atuais recomendações para a prevenção dos fatores de risco para as doenças cardiovasculares nas mulheres com mais de 50 anos e aborda a influência da terapia hormonal no âmbito cardiovascular. O documento foi produzido a partir da análise de mais de 574 documentos científicos nacionais e internacionais publicados pela comunidade médica e científica entre os anos de 1990 e 2007.

O documento traz recomendações específicas para a prevenção de alguns fatores de risco para as doenças cardiovasculares nas mulheres no período da menopausa, tais como: controlar a hipertensão arterial, o diabetes mellitus e o colesterol elevado, abandonar o cigarro, praticar atividade física (pelo menos 30 minutos de 3 a 6 dias por semana), buscar uma dieta equilibrada rica em frutas, verduras e vegetais, entre outros. "O trabalho reconhece também que, diferentemente do que ainda preocupava alguns especialistas, a terapia de reposição hormonal não aumenta o risco de infarto do miocárdio e pode até trazer benefícios para a mulher", afirma o ginecologista César Eduardo Fernandes, professor da Faculdade de Medicina do ABC, coordenador da diretriz e presidente do conselho científico da SOBRAC,

Dados do Ministério da Saúde mostram que o infarto e o AVC (Acidente Vascular Cerebral) são a principal causa de morte em mulheres com mais de 50 anos no Brasil. As manifestações clínicas da doença cardiovascular aparecem em média cerca de 10 a 15 anos mais tarde nas mulheres do que nos homens. "Somente 10% das mulheres controlam os fatores de risco cardiovascular. A maioria desconhece se tem esses fatores ou não os controlam adequadamente," afirma o cardiologista Otávio Gebara, professor livre-docente da Faculdade de Medicina da USP e coordenador da diretriz. A redução hormonal característica da menopausa, faz com que a mulher perca a proteção estrogênica (principal hormônio feminino que ajuda na proteção das artérias).

A terapia hormonal tem indicações bastante definidas e aceitas consensualmente na literatura médica como alternativa para o alívio dos sintomas do climatério. O que difere as terapias são os progestógenos, pois cada um traz um tipo de benefício. Entre as terapias disponíveis no mercado a drospirenona (Angeliq®, da Bayer Schering Pharma) demonstrou em diversos estudos efeitos significativos na redução da pressão arterial das mulheres, além do alívio dos sintomas da menopausa. Devido à sua propriedade antimineralocorticóide e antiandrogênica, a drospirenona evita a retenção de líquido e o aumento de peso, produzindo efeitos diretos sobre o sistema cardio-circulatório.

1ª Diretriz Brasileira sobre a Prevenção de Doenças Cardiovasculares em Mulheres Climatéricas e a Influência da Terapia de Reposição Hormonal (TRH)

Principais intervenções no estilo de vida e nos fatores de risco

. Tabagismo: abandonar o uso do tabaco e se necessário utilizar terapia farmacológica ou reposição temporária de nicotina para atingir esse objetivo.

. Atividade Física: realizar pelo menos 30 minutos de atividade física de moderada intensidade 3 a 6 dias por semana. Quando o objetivo é perder peso, o tempo de exercício deve atingir de 60 a 90 minutos por dia.

. Dieta: consumir frutas, fibras, vegetais, peixe (pelo menos 02 vezes por semana, pois contém ômega3). Limitar o consumo de álcool. Aumentar a ingestão de proteína de soja, pois ela pode ajudar a diminuir o colesterol. Buscar o consumo moderado de sal e açúcar.

. Depressão: é preciso ficar atento aos sintomas, pois é muito comum nesta fase.

. Controlar a pressão arterial: manter os níveis a baixo de do que 120/80mm-Hg.

. Medir a glicose e controlar o diabetes melitus

Recomendações sobre uso da terapia de reposição hormonal

Dos vários tratamentos disponíveis para os sintomas da menopausa, a terapêutica hormonal é a mais indicada, pois é a única que demonstra eficácia no alívio dos sintomas (fogachos, insônia, irritabilidade, depressão, atrofia genital, entre outros), protege contra a perda de colágeno e atrofia da pele, conserva a massa óssea e reduz o risco de fraturas por osteoporose com benefícios consideráveis sobre a qualidade de vida das pacientes.

O tratamento não deve ser recomendado com a finalidade exclusiva de redução do risco cardiovascular, no entanto estudos recentes demonstram que terapias com baixa dose e hormônios diferenciados como a drospirenona podem trazer benefícios cardiovasculares quando utilizados no inicio da menopausa.

Os mitos que envolvem a terapia hormonal

O ginecologista César Eduardo Fernandes, professor da Faculdade de Medicina do ABC e presidente do conselho científico da SOBRAC, esclarece as principais dúvidas sobre o uso da terapia hormonal na menopausa.


1) Para quem a terapia hormonal é hoje indicada?
R: A decisão clínica de iniciar ou de dar continuidade à terapia hormonal deve levar sempre em consideração a peculiaridade de cada caso, em particular procurando-se individualizar o regime terapêutico a ser adotado, as doses e vias a serem empregadas, o tempo de utilização dos hormônios, os benefícios e os riscos desta modalidade de tratamento. Recomenda-se utilizar a menor dose eficaz e deve ser iniciada tão logo a mulher apresente os sintomas da menopausa.

2) Qual é a indicação da terapia hormonal?
R: A terapia hormonal é indicada para tratar os sintomas da menopausa como fogachos (ondas de calor), transpiração excessiva, irritabilidade, insônia, alterações de humor, alterações menstruais, atrofia urogenital e ressecamento vaginal, proporcionando melhor qualidade de vida às mulheres.

3) Quais são as contra-indicações para a reposição hormonal?
R: O médico deve verificar se a paciente possui antecedentes ou riscos elevados de algumas doenças como tromboembolia, câncer de mama, câncer de endométrio e doença hepática. Também deve estar atento à eventuais casos de sangramento vaginal não diagnosticado, que deverá ser esclarecido quanto à sua causa antes do início da TRH.

4) O que foi o WHI?
R: O WHI (Womens’s Health Initiative) foi um estudo multicêntrico (duplo-cego comparativo controlado com placebo) que envolveu mais de 27 mil mulheres americanas pós-menopáusicas. A média de idade ao iniciarem o estudo era de 63,2 anos, sendo que um percentual significativo de pacientes encontrava-se acima dos 60 anos de idade (66,6% da amostra analisada). O estudo foi concebido antes de 1992 e teve o seu período de inclusão de pacientes encerrado em 1995. O trabalho foi publicado pelo Journal of American Medical Association (JAMA), em julho de 2002.

5) Por quê o WHI causou tanta polêmica?
R: O estudo tinha como objetivo primário avaliar os efeitos da terapia hormonal sobre o risco de infarto do miocárdio e de câncer de mama. O resultados demonstraram haver aumento do risco dessas doenças nas mulheres estudadas, o que causou a repercussão negativa sobre o tema. Um outro aspecto, pouco abordado, foi que o estudo mostrou que ocorreu a diminuição do risco de fraturas do quadril e de câncer colo-retal.

6) Diante deste estudo, por quê atualmente os médicos mostram-se mais favoráveis à terapia hormonal?
R: Primeiramente, não se pode extrapolar os resultados obtidos com o WHI para outros tipos de regimes terapêuticos. No WHI, foram avaliados os efeitos de um único regime terapêutico (estroprogestativo combinado contínuo), por meio de uma única via de administração (via oral), com uma única dose de hormônios (considerada como sendo dose plena ou convencional). Além disso, os resultados do WHI devem ficar restritos ao regime de tratamento empregado às pacientes da faixa etária pesquisada (média de 60 anos de idade) e não podem ser igualmente extrapolados às mulheres que iniciam a terapia hormonal no período peri ou pós-menopáusico imediato.

Ao mesmo tempo, passados mais de seis anos da publicação do WHI, existe atualmente um maior entendimento da classe médica e científica sobre o assunto. Hoje a terapia hormonal tem indicações bastante definidas e aceitas consensualmente na literatura médica, sendo a mais indicada para o alívio dos sintomas da menopausa sem trazer risco cardiovascular. Apesar de não ser recomendada com a finalidade exclusiva de redução do risco cardiovascular, estudos recentes demonstram que terapias de baixa dose podem trazer benefícios cardiovasculares quando utilizadas no início da menopausa.

Serviço:

www.menopausa-online.com.br
www.sobrac.org.br
www.cardiol.br
www.bayerscheringpharma.com.br

Veja mais sobre o assunto em nossa coluna de Saúde Feminina com Prof. Dr. Mauricio Simões Abrão





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