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02/04/2007
Presenteísmo

Sintomas silenciosos: Estar presente no trabalho nem sempre significa produtividade

Considerado um dos sintomas que antecede o estresse ou a depressão, o presenteísmo afeta negativamente a produtividade do profissional

São Paulo, 14 março de 2007 - Ir todo dia ao trabalho, sentar-se em frente ao computador e atender as ligações telefônicas não significa, necessariamente, que a pessoa está ali. Pode parecer até incoerência, mas não é. Isso se chama Presenteísmo, ou seja, estar fisicamente presente no ambiente de trabalho, porém, improdutivo. Com a falta de engajamento ou por problemas de saúde física e psíquica, o trabalhador pode estar mentalmente e emocionalmente ausente. Ou seja, a pessoa está ali, mas não consegue produzir como deveria.

Este é um problema que vem ocorrendo atualmente dentro das empresas e que tem chamado a atenção daqueles que atuam na área de Gestão de Pessoas. E para quem vive isso, a situação também não é nada agradável. Na opinião do especialista em medicina comportamental Marcelo Dratcu, isso ocorre em profissionais pouco engajados tomados pelo desânimo, com níveis de estresse alto, e que sofrem conseqüências físicas e emocionais que podem contaminar, de maneira negativa, toda a equipe. Ele aponta que no Brasil a maioria das pessoas desconhece o conceito. Muitas vezes decorrente do estresse, o Presenteísmo é pouco diagnosticado, e apenas uma pequena parcela busca auxílio.

"O Presenteísmo pode causar maior queda de produtividade do que o absenteísmo (a ausência do profissional na empresa)”, explica o médico. Difícil é quantificar as causas e as conseqüências físicas e emocionais de se estar “mais ou menos presente”, decorrente a um alto nível de estresse e pode levar à depressão. O profissional se sente, literalmente, sem saída e pode estar acometido por algum distúrbio psicológico, muitas vezes silencioso. Alguns sintomas decorrentes são: dores (de cabeça, nas costas), irritação, letargia, cansaço, ansiedade, angústia, depressão, insônia e distúrbios gastrointestinais.

"Trata-se de um movimento de mão dupla tanto das empresas quanto das pessoas. Cada um precisa fazer uma auto-avaliação constantemente e colocar na balança a medida do prazer e também da insatisfação. Muitas vezes esta pressão precisa ser dividida com um médico e um terapeuta", diz Marcelo Dractu. É bom lembrar que nem sempre a infelicidade no trabalho significa que é necessário mudar tudo. “Problemas organizacionais nas empresas também podem ser parte da causa, e os departamentos de recursos humanos devem participar da solução, alocando talentos em suas devidas áreas”, explica.

O problema pode ser causado pelo excesso de estresse, e isso tem solução. As empresas também podem ajudar com programas de qualidade de vida efetivos, que consigam mapear e monitorar o nível de estresse e de (in)satisfação de seus colaboradores. Algumas doenças físicas causam a incapacidade temporária do empregado e podem gerar prejuízos que afetam a produtividade e o lucro. É o exemplo da enxaqueca e de problemas ortopédicos, como a síndrome do túnel do carpo e outras dores crônicas.

Bem-estar no ambiente de trabalho

As empresas têm se preocupado com a saúde de seus profissionais e identificaram que a produtividade está diretamente relacionada com o bem-estar. Adquirindo hábitos saudáveis, controlando melhor o estresse, tratando e prevenindo problemas de saúde física e mental, obtendo suporte social e familiar, resulta na melhora da produtividade na vida em geral.

O auxílio da Terapia Comportamental Cognitiva

Por conta disso, o dr. Marcelo Dractu desenvolve a Terapia Comportamental. Além do tratamento medicamentoso, há também o tratamento por meio de técnicas de relaxamentos e da terapia cognitiva em que crenças, pensamentos e emoções negativas são detectados e reelaborados. A performance individual melhora, assim como a produtividade corporativa.

A terapia cognitiva é um conjunto de técnicas que visa detectar e tratar crenças negativas e estruturas distorcidas de pensamentos, chamados de erros cognitivos. O paciente é levado a encontrar estas crenças e pensamentos em situações negativas e angustiantes, reelaborá-los criando pensamentos mais realísticos e positivos, o que geram alívio e melhora das emoções. O tratamento engloba exercícios mentais que ajudam a melhorar comportamentos prejudiciais como sedentarismo, tabagismo, má alimentação e outros, além da ansiedade, depressão, estresse, má comunicação e dificuldades nos relacionamentos. As técnicas comportamentais abrangem ainda vários tipos de exercícios de relaxamento, hipnose e meditação.

Neste tipo de tratamento considera-se que cada paciente apresenta suas próprias queixas e provavelmente um transtorno. Geralmente inicia-se com a avaliação clínica (anamnese e exames físico e complementar), seguida de avaliação da saúde mental (sintomas, queixas, grau de ansiedade, forma como controla o estresse, etc). As alterações clínicas são tratadas e para as condições mentais é proposto um plano terapêutico com começo, meio e fim. Em geral marca-se uma consulta por semana, em média por 8 a 20 semanas, quando são aplicadas as técnicas comportamentais e cognitivas.

A fisiologia da ansiedade e estresse sempre é identificada e explicada. Depois é feito o reassurance (técnica para tornar o paciente confiante e positivo em relação à melhora do quadro), e exercícios de relaxamento avaliados por meio da técnica de biofeedback (mede parâmetros fisiológicos ligados aos problemas emocionais como ansiedade e estresse). Os pacientes são ligados por eletrodos de um programa de computador onde são avaliados pressão arterial, freqüência cardíaca, corrente galvânica da pele, temperatura corporal e o nível de relaxamento de alguns grupos musculares. Pode ser usado tanto para monitorar o grau de relaxamento quanto para treinar o indivíduo a relaxar mental e fisicamente. Simultaneamente, são trabalhados os erros cognitivos, crenças e emoções negativas através de técnicas específicas (cognitiva e racional emotiva).

“Após o tratamento comportamental, o indivíduo terá equilíbrio para identificar qual o motivo o levou ao presenteísmo e assim definir seu posicionamento no trabalho, melhorar seu desempenho e contribuir para o aumento da produtividade na empresa”, conclui o especialista.

Veja mais sobre o assunto em nossa coluna de Motivação e Liderança com Nilson Redis Caldeira.





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