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03/09/2014
Como evitar as crises de rinite, que ficam mais frequentes, com o tempo frio?

Basta mudar a temperatura, especialmente do calor para o frio, e o coro de espirros se faz ouvir nos ônibus, metrôs e até na pessoa que trabalha ao lado. O rosto parece congestionado e o nariz, quando não pinga como uma cachoeira, coça ao ponto de ficar vermelho de tanta irritação. É a rinite, atacando mais um inverno. Cerca de 40% da população mundial sofre da doença, que se caracteriza por uma reação inflamatória das mucosas nasais, desencadeada por um corpo estranho no organismo (alérgeno) e frequentemente seus sintomas são confundidos com resfriado ou gripe (*).

“Embora muitos considerem a rinite uma doença banal, ela é um problema de saúde pública que afeta diretamente a qualidade de vida e a rotina diária dos portadores, em função da má qualidade respiratória e do impacto no sono”, destaca o alergologista João Ferreira de Mello Júnior, professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Mas erra quem pensa que as crises de rinite só acontecem no inverno. Quem convive com o problema sabe que a doença pode se manifestar durante o ano todo, inclusive nos dias mais quentes e ensolarados do verão.

A poluição, a poeira, a exposição ao ar-condicionado ou ventilador e as mudanças bruscas de temperaturas são alguns dos fatores que podem desencadear as crises e provocar os incômodos sintomas da rinite, como obstrução nasal, coriza, dor de cabeça, espirros e tosse.

O médico Milton Orel, otorrinolaringologista do Hospital CEMA, especialista em alergia respiratória, explica que as crises são mais frequentes no frio porque as janelas ficam mais fechadas e as roupas de lã, com pelos, que estavam guardadas há muito tempo, vão direto do armário para o corpo, levando consigo milhares de ácaros. “O frio pede cuidados redobrados para evitar não só a rinite, mas todas as doenças respiratórias de fundo alérgico”, enfatiza.

Além do aumento da poeira e dos ácaros, o frio leva às crises de rinite também porque provoca uma mudança fisiológica: o organismo tende a aumentar a circulação de sangue no nariz, para aquecer o ar, e quem sofre de rinite responde a este aumento de temperatura com congestão nasal, coriza e coceira. “A pessoa saudável não percebe, mas para quem tem rinite, esse pouquinho que o nariz dilata internamente é suficiente para piorar a sensação de congestão nasal e acentuar ou iniciar uma crise”, explica o médico.

Dados brasileiros sobre o impacto da rinite alérgica demonstram que mais de 60% dos pacientes sentem-se ansiosos, cansados e irritados em decorrência dos sintomas da doença. Quase 30% apresentam dificuldade para dormir e manter um sono tranquilo e contínuo, o que ocasiona sonolência diurna. Cerca de 50% relatam que a rinite alérgica apresenta impacto nos seus afazeres diários, reduzindo sua produtividade profissional e escolar em 40% quando estão em crise.

O diagnóstico passa por testes alérgicos, para identificar os agentes que causam a rinite, e é fundamental para determinar o tipo de tratamento que será adotado. Em geral, o paciente é submetido a imunoterapia, com vacinas específicas para o seu tipo de alergia, e medicamentos para melhorar a congestão nasal. Mas todo cuidado é pouco: se não for tratada adequadamente, a rinite pode evoluir para doenças mais sérias como a sinusite (inflamação dos seios da face), bronquite e asma. “A mucosa que envolve o pulmão é a mesma do nariz, assim os mesmos agentes que causam a rinite podem atingir o pulmão”, adverte Milton Orel.

O médico aconselha manter as janelas abertas, especialmente do quarto, mesmo no frio, para aumentar a circulação do ar no ambiente; abolir cortinas, tapetes e carpetes, trocar com maior frequência fronhas e lençóis, usar travesseiro e capa de colchão antiácaros (impermeáveis) e lavar peças de lã antes de usar. Ele recomenda ainda a prática da natação, preferencialmente no mar ou em piscinas de água com pouco cloro. É preciso cuidado, entretanto, para só nadar em praias não poluídas.

O uso exagerado de soro fisiológico adquirido em farmácia também merece um alerta do médico: “Algumas pessoas acabam viciadas neste medicamento e usam quase o dia inteiro. Mesmo sendo apenas soro fisiológico, é preciso muito cuidado, porque o uso descontrolado pode lesar a flora nasal”.


Dicas para driblar as crises de rinite e curtir ainda mais o verão

Para que a rinite não te atrapalhe, a primeira iniciativa é buscar tratamento e adotar medidas simples que ajudem a diminuir a presença de agentes que causam alergia. Confira!


Em casa:

• Manter a casa sempre limpa e arejada é uma boa maneira de reduzir a proliferação de ácaros, um dos principais alérgenos que causam os indesejáveis sintomas da rinite. Nunca use vassoura, espanador ou pano seco – eles apenas mudam as impurezas de lugar.

• Evite tudo o que possa juntar poeira, como carpetes, cortinas, cobertores ou bichos de pelúcia, e assegure uma higienização periódica desses itens, caso não possa se desfazer deles.

• Dê preferência a pisos lisos ou frios, que são mais fáceis de limpar e não abrigam ácaros e outros micro-organismos.

• Evite agentes e substâncias irritantes. Para a limpeza do chão ou de móveis, basta passar um pano úmido.

• Se você ama animais e não pode imaginar sua vida sem eles, cuide da higiene dos bichinhos e, se possível, mantenha os pelos dos cães ou gatos mais curtos. O banho também é muito importante.


No quarto:
• Limpe o quarto diariamente com pano úmido.

• Colchão e travesseiros devem ter enchimento de material sintético, como poliéster.

• Substitua os cobertores de lã por edredons.

• Pelo menos uma vez por semana, deixe as portas do guarda-roupa ou armários abertas por um período de uma hora, para que o ar circule e entre claridade. Ácaros não gostam de luz e ambiente seco e limpo.

• Durma em local arejado e umedecido. Umidificadores de ar, toalhas molhadas ou bacias com água resolvem o problema.


Com o corpo:

• Hidrate o seu corpo com muita água, sucos ou frutas que tenham bastante líquido, como melão e melancia.

• Lave o nariz com soro fisiológico pelo menos uma vez ao dia. Uma mucosa hidratada diminui a congestão nasal.

• Evite o tabagismo ou ambientes com cheiro ou fumaça de cigarro.

• Evite contato com substâncias que tenham cheiro forte (tintas, querosene e outros produtos químicos).

• Use roupas adequadas à temperatura ambiente. Evite usar produtos que deixem odor marcante nas roupas, como amaciantes com fragrâncias fortes.


Tratamento

O tratamento da rinite alérgica se baseia atualmente em três pilares:
1. controle dos fatores ambientais
2. imunoterapia (criação de vacina com os alérgenos a que o paciente é alérgico) e
3. terapia medicamentosa.

Entre os medicamentos indicados para o controle da doença estão os corticosteroides nasais os antileucotrienos, as cromonas, os descongestionantes nasais e os anti-histamínicos. Importante! Nunca se automedique. Deve-se procurar um médico e seguir corretamente suas orientações.



Veja mais sobre Otorrinolaringologia e Saúde com:


Otorrinolaringologia com Dr. Mauricio Kurc

Alergia e Saúde com Dr. Luis Felipe Ensina



(*) Veja aqui a diferença entre Gripe e Resfriado





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