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14/08/2012
HORMÔNIOS ANTIENVELHECIMENTO: O RISCO VALE A BUSCA PELA JUVENTUDE? (*)

O aumento da expectativa de vida, tanto do homem como da mulher, leva a uma procura incansável pela “fonte eterna da juventude”. Além disso, como o processo de envelhecimento está normalmente associado a um maior número de problemas de saúde ou a uma maior chance de desenvolvê-los, diferentes substâncias, como o famoso “hormônio antienvelhecimento”, têm sido usadas com o objetivo de retardar este processo. Entretanto, será que o risco do uso sem critério vale a busca pela juventude?

Ainda que a maioria dos hormônios apresente um declínio com a idade, o uso indiscriminado destas substâncias representa perigo à saúde. Os conhecidos hormônios “antienvelhecimento” podem ser de vários tipos: sexuais (estrógenos e testosterona), hormônios tiroidianos, hormônios produzidos pela glândula adrenal (DHEA e DHEA-S), melatonina e até o hormônio de crescimento (GH).

A curva de declínio hormonal inicia-se após os 30 anos de idade, mas esta “queda” tem um sentido bastante diferente daquele que os endocrinologistas conhecem como “deficiência”, ou seja, uma coisa é um declínio fisiológico esperado para a idade, outra seria uma deficiência hormonal com manifestações ou sintomas decorrentes disso.

Assim, mulheres na menopausa, que apresentam muitos sintomas relacionados à deficiência hormonal e que não têm contraindicação (câncer de mama prévio, por exemplo), são fortes candidatas à terapia de reposição, sem problema algum. Da mesma forma, homens na andropausa (menopausa masculina) que apresentam queixas de diminuição de libido, disfunção erétil e outras queixas gerais relacionadas à deficiência dos níveis da testosterona (como cansaço e desânimo) também têm indicação de reposição hormonal.

Nos exemplos citados, há uma nítida “deficiência” hormonal, mas sem contraindicação ao uso da medicação. Sendo assim, os benefícios da reposição hormonal são indiscutíveis. Logo, nunca deixaremos de tratar um paciente cuja tireoide não está funcionando conforme deveria (hipotiroidismo), diferentemente de receitar “hormônio tiroidiano” a pacientes que não apresentam a disfunção da glândula, expondo-os a um risco desnecessário que pode resultar em problemas como batimentos cardíacos irregulares (arritmia).

Há alguns anos surgiu o termo “hormônios bioidênticos”, ou seja, substâncias que, na teoria, seriam semelhantes ao hormônio produzido pelo próprio organismo. Contudo, esta “nova” nomenclatura se refere simplesmente a todos os hormônios já existentes e conhecidos no mercado e que sempre foram utilizados pelos endocrinologistas para reposição naqueles pacientes que apresentam sabidamente déficits. Até aí, nada de novo...

Um exemplo interessante de quem “bebeu na fonte da juventude” e não se beneficiou foi na época em que a melatonina era a bola da vez. Não deu certo e, hoje, o candidato é o hormônio do crescimento (GH). Como disse anteriormente, referindo-me a todos os hormônios de modo geral, o GH também tem um declínio com a idade. Mas será que isto é tão ruim assim? Por exemplo, existe uma condição na qual alguns pacientes produzem em excesso este hormônio (acromegalia) e estão em risco maior de morte, seja por problemas cardiovasculares, seja pela maior frequência de câncer. Por outro lado, um estudo publicado este mês pela revista Archives of Neurology apontou uma melhora significativa na memória de idosos, tanto os saudáveis como aqueles com início de comprometimento após uso do hormônio GHRH (que estimula a formação do GH).

Logo, é bom ou ruim ter um GH mais baixo em uma idade biológica tardia?

Não sabemos! Porém, mais estudos são necessários até que seja possível recomendar ou não, com segurança, a reposição com GH. Sendo assim, fica claro que hormônios antienvelhecimento não podem ser associados à “fonte da juventude” e que devem ser tratados como qualquer medicação que demanda acompanhamento médico rigoroso. Afinal, a tão sonhada longevidade deve ser alcançada com segurança e responsabilidade!

(*) Por Dra Claudia Chang (CRM-SP – 110155), doutoranda em Endocrinologia pela USP/ Coordenadora e Professora de Pós-Graduação em Endocrinologia pelo ISMD





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